Sanskrit & Trika Shaivism (English-Home)

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 Origem das línguas indo-europeias: Parte V

Língua persa e dialetos cáspios, línguas curda, iraniana oriental e tocariana


 Introdução

Olá, Andrés Muni novamente. O seguinte documento possui vários nomes: nomes de línguas, regiões, países, etc. Tentei ser o mais exato possível com esses nomes. Porém, se você encontrar algum erro, por favor envie-me um e-mail para que eu possa corrigir o que estiver errado.

Nesse documento, aprofundaremos o desenvolvimento das línguas iranianas. Bem, mãos à obra.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


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 Língua persa e dialetos cáspios

Entre as línguas iranianas atuais, a principal é a persa. Representa uma grande civilização e possui uma rica literatura. Os primeiros documentos que foram escritos nessa língua datam do século IX a.C., e, naquela época, o persa era quase indistinguível do palávi meridional. Desde aquela época, a língua persa mudou só um pouco, e foi inclusive adotada por escritores que falavam dialetos distintos.

A língua persa utiliza o alfabeto árabe, mas adiciona alguns caracteres diacríticos. Possui um vocabulário inteiramente iraniano, com palavras árabes que foram adicionadas com o passar do tempo. Durante a Idade Média, o persa se difundiu em direção ao oriente como língua comum. Foi falado inclusive na Índia (na corte de Delhi), e podem ser encontrados vestígios do persa na língua urdu.

Fora da Pérsia, o persa é falado em uma grande região do Afeganistão e do Turquestão. Como língua comum, inclui alguns dialetos vernáculos, alguns dos quais parece ser resíduos de outras línguas iranianas. Por exemplo: os dialetos de Kashan, Nayin, Shiraz e Sivand, na Pérsia Central. O dialeto dos Parsis --que é falado principalmente em Yazd*-- é, às vezes, erroneamente denominado "Dari". Ainda que os Parsis da Índia tenham em Mumbai (ex-Bombaim) as suas comunidades mais prósperas, eles falam gujarātī. Finalmente, dentro da própria Pérsia, a língua persa compete com o turco, o árabe, o armênio, o afegão e o balúchi, e também com os dialetos cáspios e curdos.

Os dialetos cáspios são os seguintes: o principal é conhecido como mazandarani (esse nome provém do "Mazainya daeva" do Avesta). O dialeto semnani (falado em Semnan) possui uma relação estreita com o mazandarani. Existem também duas línguas um tanto diferentes: gilaki (na região de Rasht) e talish (que se estende até o rio Arax no Azerbaijão). Por sua vez, na península de Absheron (perto de Baku), há outro dialeto cáspio chamado tat. Os dialetos cáspios formam um grupo separado. São muito diferentes do persa e compartilham algumas características comuns com o iraniano setentrional.

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 Língua curda

O território da língua curda é difícil de delimitar. É falado por tribos que são parcialmente nômades. Por esse motivo, foi levado

para o norte: até a região próxima a Erevan e Kars (na Armênia russa);

para o oeste: até a Cilícia e a Síria;

para o leste: até a Pérsia central, Khorasan e Afeganistão.

O centro do domínio curdo é a região montanhosa que separa a Pérsia da Turquia. Dessa forma, compreende principalmente o Curdistão (em território turco).

O curdo consiste de três grupos dialetais:

Curdo ocidental ou Kurmanji É falado nas regiões de Diyarbakır, Mardin, Siirt e Julamerk.
Curdo oriental É falado nas regiões de As-Sulaymaniyah e Sanandaj.
Curdo meridional É falado na região de Kermanshah.
e no país dos bakhtiaris e luros.

Por sua vez, esses três grupos são formados por línguas bastante distintas. O curdo pertence ao iraniano ocidental, mas possui algumas características em comum com o iraniano setentrional. A literatura curda é praticamente toda oral. Consiste de fragmentos de epopeia, contos e cantos populares.

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 Língua iraniana oriental

É representado pelo balúchi e pelo afegão, e também pelos dialetos do Pamir. Mas essas línguas não formam uma unidade.

1) Balúchi É falado na região delimitada pelo mar de Omã, pelo rio Ganges
(até Dera Ghazi Khan), pelo deserto do Rajastão e o rio Helmand,
e pelo planalto de Sarhad e Makran.
2) Afegão
ou pachto
Os limites geográficos do país de origem dessa língua (Afeganistão) não coincidem com
os do seu território, porque, em algumas regiões desse país, também se fala persa, balúchi, mongol, turco e árabe. Por sua vez, o pachto também é falado em algumas regiões da Persa e da Índia (ao longo do rio Ganges).
3) Dialetos do Pamir São falados na região do Pamir.

1) O centro do território balúchi é habitado pelos brahuis, que falam uma língua dravídica. Dessa forma, há dois grupos dialetais separados na língua balúchi: a) Balúchi setentrional --com um vocabulário influenciado em sua maior parte pelas línguas da Índia--, e b) Balúchi meridional --também denominado Mekrani--.

Esses dois grupos de dialetos são muito diferentes entre si e dividem-se subsequentemente em numerosos subdialetos.

2) O afegão ou pachto é a língua dos afegãos, que se referem a si mesmos como "Pustana". A sua literatura escrita teve início no início do século XVI. Durante o século XVII, experimentou um florescimento poético, inspirado nos modelos persas. Atualmente, possui uma das mais ricas literaturas orais, que consiste principalmente de contos e cantos populares. Há uma língua afegã comum falada por todo o território, mas também há línguas locais que podem ser reduzidas a dois grupos de dialetos: a) Um grupo setentrional --Cabul, Pechaver*--, e b) Um segundo grupo que se estende do sul ao leste.

3) Na região de Pamir, falam-se vários dialetos iranianos. Esses dialetos são os sobreviventes de uma grande e muito antiga expansão iraniana. Na Ásia Central, foram encontrados alguns textos budistas. Esses textos procedem tanto dos vales setentrionais do Hindu Kush quanto da região de Khotan, e têm a característica de estarem escritos em uma língua iraniana, mas utilizando um alfabeto indiano. Nos vales do Pamir, os grupos que falam línguas iranianas estão perdidos no meio de povos e aldeias que falam dialetos turcos e indianos. Esses dialetos iranianos que sobrevivem atualmente na região do Pamir são conhecidos coletivamente como Galcha. Constituem-se de várias línguas com características em comum: a) Wakhi, ishkashimi, shughni e roshani --distribuídos ao longo do rio Pandi--, b) Sarikoli --falado no sopé oriental do Pamir-- e c) Sanglechi e mindzani --falados nos vales ao norte do Hindu Kush--.

Os dialetos anteriores são parecidos com os cáspios, e são provavelmente restos de um grupo iraniano central que era diferente dos grupos persa e cita, e também do afegão.

No noroeste do Pamir, no vale do rio Yaghnob, há uma língua iraniana que difere das que eu já mencionei. Seu nome: yaghnobi. O yaghnobi é uma língua iraniana do norte proveniente do sogdiano. O osseta é outra língua representativa do iraniano setentrional. O osseta é um vestígio do conjunto de línguas que foram predominantes na Rússia meridional antes que o povo cita fosse rechaçado pelos eslavos. O território do osseta compreende uma região do Cáucaso (ao norte de Vladikavkaz). Há duas variantes desse idioma:

Osseta oriental
ou Tagaur
É falado nos vales dos rios Ardon, Sadon e Gizeldon pelos povos Alagir, Kurtat e Tagaur.
Osseta ocidental
ou Digor
É falado na bacia do rio Urukh pelo povo Digor.

Note que o osseta é a língua oriental que foi utilizada para traduzir a Bíblia durante a primeira metade do século XIX.

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 Língua tocariana

Entre as línguas indo-europeias da Ásia, há uma importante língua que forma um grupo independente. Seu nome: tocariano. Pertence à Ásia central. Sobrevivem apenas alguns fragmentos de textos escritos nessa língua. Esses textos são inspirados na literatura sânscrita (observando que o alfabeto utilizado nesses textos é de origem indiana). São fragmentos de documentos que versam sobre medicina e religião budista. São, em parte, traduções de documentos sânscritos. O tocariano não foi somente uma língua religiosa e erudita, mas sim foi utilizado também como língua viva.

Os documentos mencionados anteriormente revelam a existência de dois diferentes dialetos, que foram denominados tocariano A e tocariano B. Posteriormente, foram atribuídos dois nomes específicos a esses dialetos --relativos às regiões onde foram encontrados-- : a) Turfan: língua tocariana da região de Turfan, e b) Kushan: língua tocariana da região de Kucha.

Entre os documentos em Kushan, foram encontradas autorizações para viagem de caravana com o nome de um rei (Suvarnate). Esse rei, segundo documentos chineses, governou durante a primeira metade do século VII. Isso mostra que, naquela época, o tocariano B era falado comumente na região. Entretanto, ainda não foi possível determinar exatamente a data na qual ambos os dialetos se extinguiram.

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 Notas finais

Peço desculpas novamente pelos inevitáveis equívocos. Convido-o uma vez mais a enviar-me um e-mail se você tiver detectado um erro e realmente souber como corrigi-lo. O próximo documento versará sobre os grupos helênico e armênio. Espero que o meu trabalho traga felicidade e iluminação à sua vida. Os meus melhores votos.

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 Informação adicional

Andrés Muni

Este documento foi concebido por Andrés Muni, um dos dois fundadores deste site, e versado em linguística.

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