Sanskrit & Trika Shaivism (English-Home)

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 Aprendendo Sânscrito - Verbos (1)

Verbos - Introdução


 Introdução: O mapa

Muito bem. Calma! Porque agora estamos em frente a uma montanha difícil de escalar: "Verbos Sânscritos". Esse assunto pode tornar-se uma dor-de-cabeça se você não se aproximar dele de uma maneira correta.

A maioria dos livros que tratam da gramática do Sânscrito simplesmente dão lista após lista de conjugações verbais com uma breve explicação que deixa você ainda mais confuso. O problema está no método. Primeiramente, você precisa de um "mapa" do terreno. Sem um mapa, você está arriscado a cair enquanto escala a montanha, porque talvez você escolha subir, em um certo estágio, num caminho perigoso.

Então, o primeiro passo: Conseguir um mapa. E eu já tenho um para você. Aqui está o mapa. Estude-o com atenção:

Mapa: Parte 1
TIPOS
DE VERBOS
NATUREZA VARIAÇÕES SUB-
VARIAÇÕES
NATUREZA
PRIMITIVOS Estas
são as raízes que existem originalmente em Sânscrito
Dividem-se em dez gaṇa-s (casas ou classes). Existem dois grupos nessa divisão: a) 1a, 4a, 6a e 10a casas ou classes b) 2a, 3a, 5a, 7a, 8a e 9a casas ou classes -- Visto que são fracas, você terá que fortalecê-las de algum modo. A substituição Guṇa é um bom modo, certamente.
DERIVATIVOS Estes
são os verbos que se derivaram de raízes originais ou de substantivos
Podem derivar-se de "qualquer" raiz pertencente a "qualquer" gaṇa (casa ou classe). Resumindo, pertencem à casa ou classe à qual pertence a raiz original Causativos ou Ṇijanta-s Comunicam a noção de "causa". Ex. de "budh" (saber) deriva-se o Causativo "bodhayati" (Ele/ela faz saber).
Desiderativos ou Sannanta-s Comunicam a noção de "desejo". Ex. de "budh" (saber) deriva-se o Desiderativo "bubhutsati" (Ele/ela deseja saber).
Frequentativos (Intensivos) ou Yananta-s Comunicam a noção de "repetição" ou "intensidade". Ex. de "budh" (saber) é derivado o Frequentativo "bobudhīti" (Ele/ela conhece frequentemente ou intensamente. Ele/ela conhece de novo e de novo).
Denominativos (Nominal) ou Nāmadhātu-s São derivados de substantivos e comunicam a noção de realizar, usar, tornar-se, desejar, tratar, etc. com respeito ao respectivo substantivo. Ex. de "putra" (filho) é derivado o Denominativo "putrīyati" (Ele/ela trata -alguém- como um filho).
Mapa: Parte 2
VOZES NATUREZA VARIAÇÕES NATUREZA
VOZ ATIVA
(Kartariprayoga)
É, de longe, a Voz mais usada. Ex. "Devadatta come cevada" (Devadatto yavaṁ bhakṣati). -- --
VOZ PASSIVA Também é frequentemente usada. Divide-se em duas classes, embora a Voz Impessoal também seja considerada uma terceira classe do Passivo. Passivo propriamente dito
(Karmaṇiprayoga)
Ex. "A cevada é comida por Devadatta" (Devadattena yavo bhakṣyate)
Reflexivo (Karmakartariprayoga) Ex. "A cevada é cozida" (Yavaḥ pacyate)
VOZ
IMPESSOAL (Bhāveprayoga)
Embora seja uma Voz separada, é geralmente considerada uma terceira classe do Passivo. Ex. "Foi-se" (Gamyate). -- --
Mapa: Parte 3
CONJUNTOS DE TERMINAÇÕES NATUREZA
PARASMAIPADA (lit. "Palavra para outro") Quando o verbo é conjugado usando-se as terminações pertencentes a este pada, então a ação denotada por ele é "teoricamente" feita "para outro". A palavra "parasmai" significa "para outro". Daí o nome.
ĀTMANEPADA (lit. "Palavra para si mesmo") Quando o verbo é conjugado usando-se as terminações pertencentes a este pada, então a ação denotada por ele é "teoricamente" feita "para si mesmo". A palavra "ātmane" significa "para si mesmo". Daí o nome.
Alguns verbos só são conjugados no Parasmaipada, enquanto outros só aceitam o Ātmanepada. Há verbos que aceitam ambos os pada-s. O significado original desses dois conjuntos de terminações, isto é, "para outro" e "para si mesmo", está, de certo modo, perdida, hoje em dia. Entretanto, se você tiver que usar um verbo que pode ser conjugado tanto no Parasmaipada quanto no Ātmanepada, então você deve utilizar o primeiro pada quando a ação denotada pelo verbo é "para outro" e o segundo pada quando é "para si mesmo".
Mapa: Parte 4
TEMPOS (KĀLA-S) NATUREZA EXEMPLOS
PRESENTE (Vartamāna) Além do Presente usual, pode, às vezes, ser usado para indicar um "futuro imediato" ou até um passado "Ele vai à floresta" -Sa vanaṁ gacchati- ["(Sa)... gacchati" = (Ele) vai]
IMPERFEITO
(Anadyatanabhūta)
Este é o primeiro tipo de passado em Sânscrito. Indica um "passado definido recente". "Ele foi à floresta (recentemente)" -Sa vanamagacchat- ["(Sa)... agacchat" = (Ele) foi -recentemente-]
PERFEITO (Parokṣabhūta) Este é o segundo tipo de passado em Sânscrito. Indica um "passado remoto". "Ele foi à floresta (há muito tempo)" -Sa vanaṁ jagāma- ["(Sa)... jagāma" = (Ele) foi -há muito tempo-]
AORISTO (Bhūta) Este é o terceiro tipo de passado em Sânscrito. Indica um "passado indefinido". "Ele foi à floresta (mas não se pode dizer exatamente quando)" -Sa vanamagamat- ["(Sa)... agamat" = (Ele) foi -mas não se pode dizer exatamente quando-]
FUTURO PERIFRÁSTICO
--1o futuro-- (Anadyatanabhaviṣyan)
É o primeiro tipo de futuro em Sânscrito. Indica um "futuro definido, mas não próximo". "Ele dará comida (duas possibilidades aqui: -você sabe exatamente quando ele o fará- e -você sabe que não o fará tão cedo-)" -So'nnaṁ dātā- ["(So)... dātā" = (Ele) dará -1o futuro-]
FUTURO SIMPLES
--2o futuro-- (Bhaviṣyan)
É o segundo tipo de futuro em Sânscrito. Indica um "futuro indefinido e um próximo também". "Ele dará comida (duas possibilidades aqui: -você não sabe exatamente quando ele o fará- e -você sabe que o fará em breve-)" -So'nnaṁ dāsyati- ["(So)... dāsyati" = (Ele) dará -2o futuro-]
MODOS (ARTHA-S) NATUREZA EXEMPLOS
IMPERATIVO (Ājñā) Indica predominantemente "ordem". Entretanto, também pode indicar "súplica, indagação gentil, etc.". "Dê-me comida" -Annaṁ me dehi- ("dehi" = Dê -uma ordem, nesse caso-)
POTENCIAL (Vidhi) Indica predominantemente "ordem" e "convite". Entretanto, pode também indicar "dar permissão, fazer uma pergunta, etc.". "O Yogī deveria murmurar o mantra" -Yogī mantraṁ japet- ("japet" = Deveria murmurar -um convite, nesse caso-) ou também "Vá à floresta" -Tvaṁ vanaṁ gaccheḥ- ("gaccheḥ" = Vá -uma ordem cortês, desta vez-)
CONDICIONAL (Saṅketa) Indica predominantemente "condição". Contudo, também pode ser usado "para indicar uma ação passada ou futura, etc.". "Se tivesse bastante comida, eu ficaria feliz" -Subhikṣamcedabhaviṣyattadā sukhyahamabhaviṣyam- ["(ced) abhaviṣyat" = (Se) tivesse -condição antecedente- e "(aham) abhaviṣyam" = (Eu) ficaria -a possível consequência da condição-]
BENEDITIVO (Āśis) Indica predominantemente "bendição". Contudo, pode também ser usado "para expressar o desejo de quem fala". "Que ela tenha sucesso!" -Sā kṛtārthā bhūyāt- ["(Sā)... bhūyāt" = Que (ela) tenha! -um bom desejo-]
Como o SUBJUNTIVO (Saṁśaya) só é usado nos Veda-s, não será estudado aqui
Submapa: Parte 1
NÚMEROS PESSOAS
Singular, Dual e Plural Três pessoas usando três números cada: 1o) eu, nós dois, nós; 2o) você, vocês dois, vós; 3o) ele/ela, eles/elas dois, eles/elas
Submapa: Parte 2
UMA MANEIRA ADICIONAL DE CLASSIFICAR TEMPOS E MODOS
CONJUGÁVEIS (Sārvadhātuka) NÃO-CONJUGÁVEIS (Ārdhadhātuka)
O Presente, o Imperfeito, o Imperativo e o Potencial. Chamam-se assim pois as raízes são "na maior parte" transformadas em uma base especial antes de adicionar-lhes terminações. O restante dos Tempos e Modos. Chamam-se assim porque as terminações se combinam diretamente com a própria raiz sem nenhuma transformação em uma base especial.

Certo, esse é um bom mapa. Não está completo, entretanto. À medida que você aprender mais e mais, lhe darei outros mapas específicos para que você use em zonas bem definidas da montanha. Não se preocupe, porque estou mostrando-lhe o caminho.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


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 Nomes técnicos dos tempos e modos

Em vez dos nomes longos, os gramáticos usam nomes técnicos (que são, em sua maioria, mais curtos que os originais) para designar os Tempos e Modos. Visto que são muito úteis, você deveria esforçar-se para aprendê-los. São ferramentas de que necessitará para subir pela gigantesca montanha dos Verbos. Aqui temos uma simples tabela onde você achará os nomes originais, assim como os técnicos.

Submapa: Parte 3
TEMPOS (KĀLA-S) NOME NOME TÉCNICO
PRESENTE वर्तमान - Vartamāna लट् - Laṭ
IMPERFEITO अनद्यतनभूत - Anadyatanabhūta लङ् - Laṅ
PERFEITO परोक्षभूत - Parokṣabhūta लिट् - Liṭ
AORISTO भूत - Bhūta लुङ् - Luṅ
FUTURO PERIFRÁSTICO
--1o futuro--
अनद्यतनभविष्यन् - Anadyatanabhaviṣyan लुट् - Luṭ
FUTURO SIMPLES
--2o futuro--
भविष्यन् - Bhaviṣyan ऌट् - Ḷṭ
MODOS (ARTHA-S) NOME NOME TÉCNICO
IMPERATIVO आज्ञा - Ājñā लोट् - Loṭ
POTENCIAL विधि - Vidhi विधिलिङ् - Vidhiliṅ
CONDICIONAL सङ्केत - Saṅketa ऌङ् - Ḷṅ
BENEDITIVO आशिस् - Āśis आशिर्लिङ् - Āśirliṅ
SUBJUNTIVO संशय - Saṁśaya लेट् - Leṭ

Certo. E agora, você aprenderá algumas coisas sobre Dhātu (raiz) e Aṅga (base).

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 Dhātu e Aṅga

Dhātu significa "raiz verbal" e Aṅga significa "base verbal" no nosso seguinte estudo. É indispensável compreender plenamente esse tema se você quer avançar rápido no aprendizado de Sânscrito. Algumas pessoas tentam passar direto desse ponto e como resultado têm problemas mais adiante. Dentro da categoria de "Verbos Primitivos", há dez casas ou classes (gaṇa-s). Os "Verbos Derivativos" pertencem à casa ou classe à qual pertenciam as raízes originais. Essas casas ou classes "geralmente" não usam a raiz verbal (dhātu) diretamente na conjugação. É como se a raiz verbal fosse muito jovem e pouco desenvolvida e devesse converter-se em uma espécie de entidade desenvolvida para ser conjugada. Então, antes de usar qualquer raiz verbal, será necessário "fortalecê-la" de alguma maneira porque ainda é muito fraca e mal-desenvolvida. Cada casa ou classe (gaṇa) é simplesmente uma maneira de transformar uma raiz original em uma base. Os únicos tempos e modos que são afetados pelos gaṇa-s ou classes são o Presente (Vartamāna ou Laṭ --nome técnico--), Imperfeito (Anadyatanabhūta ou Laṅ --nome técnico--), Imperativo (Ājñā ou Loṭ --nome técnico--) e o Potencial (Vidhi ou Vidhiliṅ --nome técnico--). É muito importante que você compreenda essa "armação" antes de continuar. O resto dos Tempos e Modos não é afetado pelos gaṇa-s (casas ou classes). Portanto, com o estudo de cada classe ou gaṇa, estudaremos Presente, Imperfeito, Imperativo e Potencial. Certamente, começarei com o simples Presente, não se preocupe. Estamos ainda planejando como escalar essa alta montanha chamada "Verbos Sânscritos".

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 Compreendendo a conjugação verbal

Como eu disse anteriormente, uma raiz verbal é muito fraca para ser usada em uma conjugação real. Há que fortalecê-la de algum modo. A forma mais comum de fazer isso é mediante a substituição Guṇa. Contudo, a substituição Vṛddhi é também usada. Você pode perguntar: "Substituição de quê?". Substituição da vogal contida na raiz verbal primitiva. Todos o dhātu-s ou raízes têm uma vogal. Essa vogal pode ser a raiz inteira (ex. "i" --ir--) ou só uma parte dela (ex. "man" --pensar--). As substituições Guṇa e Vṛddhi aplicar-se-ão à vogal da raiz segundo regras bem definidas. E agora, um simples quadro para se você não se lembrar de Guṇa e Vṛddhi:

Graus de Alternância Vocálica
Tipo Vogais
GRAU FRACO (vogais simples) a i-ī u-ū ṛ-ṝ
GRAU FORTE (Guṇa) a e o ar al
GRAU ALONGADO (Vṛddhi) ā ai au ār āl

Ou seja, se a raiz contém "a" você provavelmente terá que convertê-la em "ā" (Vṛddhi) quando conjugar certos tipos de verbos. Por sua vez, se a raiz contém "i" você terá provavelmente que convertê-la em "e" (Guṇa) quando conjugar outras classes de verbos. A mecânica é muito simples quando se entende a sua essência.

As dez casas ou classes (gaṇa-s) podem dividir-se em dois grupos: (1)1a, 4a, 6a, 10a e (2) 2a, 3a, 5a, 7a, 8a, 9a. No primeiro grupo, adiciona-se a vogal "a" à base ou Aṅga, a qual permanece sempre sem mudanças, enquanto no segundo grupo não se adiciona "a" e a base é mutável. Note que, no que diz respeito às raízes do primeiro grupo, alguns autores chamam de "base" o resultado final de "base + a". Por exemplo: a base de "budh" (conhecer) é "bodh". Logo, você terá que adicionar-lhe um "a", porque essa raiz pertence à 1a classe. Assim, o resultado final é "bodha". Alguns gramáticos dizem que esse "bodha" é a verdadeira base, e não "bodh", que é uma espécie de "pré-base", segundo eles. Mas apesar dessa diferença de conceitos o procedimento para conjugar um verbo permanece idêntico. Não obstante, no nosso estudo dos verbos chamarei "bodh" de base e direi que "bodha" é uma espécie de base "composta" (base + "a").

Um par de exemplos desses dois grupos usando as raízes ou dhātu-s "nī" (conduzir, levar) e "dhā" (colocar). Note que esses são exemplos "instrutivos" nos quais uso muitas regras que ainda não lhe ensinei. Esses dois exemplos são meramente informativos:

A raiz verbal "nī" (conduzir, levar) pertence à 1a casa ou classe (primeiro grupo). Segundo uma regra da 1a casa ou classe, deve-se substituir o "ī" em "nī" por "e" (substituição Guṇa para "ī", veja a tabela acima). Desse modo, a raiz primitiva foi transformada em "ne". Bem, outra regra da 1a classe estabelece que se deve adicionar "a" a "ne". Então, temos agora "nea". Contudo, segundo a primeira regra primária de Sandhi Vocálico (combinações de vogais, ver Regras de Sandhi): Duas vogais sânscritas não podem ser colocadas juntas (uma seguindo a outra). Portanto, utiliza-se a 6a regra primária de Sandhi Vocálico: "e", "o", "ai" e "au", quando são seguidos por uma vogal "dentro da mesma palavra", mudam para "ay", "av", "āy" e "āv" respectivamente... Como resultado, obtemos agora "naya" (base composta), à qual adicionaremos as respectivas terminações (ex."ti": "nayati" --ele/ela conduz, leva--). Cada um desses tempos (Presente e Imperfeito) e modos (Imperativo e Potencial) tem um conjunto exclusivo de terminações, isto é, o tempo Presente tem o seu próprio grupo de terminações; do mesmo modo, o tempo Imperfeito e os modos Imperativo e Potencial têm os seus. Por sua vez, há certos conjuntos de terminações que se aplicam às raízes do primeiro grupo e não às do segundo, e vice-versa. Não se preocupe, ensinar-te-ei tudo isso no devido tempo.

A base "ne", que se converteu em "nay" quando lhe adicionamos "a", permanece idêntica, não importa que terminação, tempo (Presente e Imperfeito) ou modo (Imperativo e Potencial) seja utilizado, isto é, a base é imutável. O processo se mostra sucintamente abaixo:

Processando a raiz "nī"
(1) nī (dhātu ou raiz verbal) (2) ne (aṅga ou base) (3) nea ("a" é adicionado) (4) naya ("e" é mudado para "ay". Essa seria a base verbal ou aṅga de acordo com alguns gramáticos. Eu a chamo de "base composta") (5) Uma terminação é finalmente adicionada a "naya" (ou seja, "ti"). Portanto, o resultado final seria "nayati" (ele/ela guia)

A segunda raiz é "dhā" (colocar). Pertence à 3a casa ou classe (segundo grupo). Por conseguinte, a base é mutável e não é adicionado "a". Vejamos como formar a base. Segundo as regras deste gaṇa, a base se forma reduplicando a raiz. Reduplicar a raiz não significa meramente escrever duas vezes a mesma raiz. Não. Absolutamente não. Reduplicar "geralmente" quer dizer adicionar a primeira vogal (às vezes em sua forma Guṇa, outras vezes em sua forma curta) de uma raiz junto com a consoante inicial (se houver alguma) à mesma raiz. Se a consoante é aspirada (kha, gha, tha, dha, etc.), a aspiração ("h") é omitida. Esta é uma regra extremamente geral, posto que existem algumas outras regras a seguir e a reduplicação nem sempre é tão fácil. Consequentemente, o assunto não é tão simples, mas, por enquanto, é suficiente que você saiba isso. Explicarei como conjugar verbos pertencentes à 3a casa ou classe mais adiante. Obviamente, a raiz exemplo ("dhā") contém uma vogal e uma consoante inicial. Para reduplicá-la, você terá que adicionar à própria raiz a vogal "ā", mas em sua forma curta ("a") junto com "dh", mas sem sua aspiração ("h"). Isto é, terá que adicionar "da" à raiz original ou dhātu para formar uma base.

Deste modo, temos agora a base "dadhā" (não se agrega nenhum "a" adicional). O último passo é adicionar-lhe uma terminação para formar a conjugação apropriada tanto nos tempos Presente/Imperfeito quanto nos modos Imperativo/Potencial. Entretanto, esta base não permanece inalterada toda hora. Por exemplo, escreve-se "dadhāsi" (tu colocas) na 2a pessoa singular do tempo Presente, mas, no modo Imperativo, tem-se que escrever "dhehi" (coloca!) e não "dadhāhi". Note como a base original "dadhā" transformou-se em "dhe". De forma resumida, a base é mutável e não se agrega nenhum "a" adicional. O processo se mostra sucintamente abaixo:

Processando a raiz "dhā"
(1) dhā (dhātu ou raiz verbal) (2) dadhā (aṅga ou base) (3) Uma terminação é finalmente adicionada a "dadhā" (ou seja, "ti"). Portanto, o resultado final seria "dadhāti" (ele/ela coloca)

Suficiente. Você tem agora alguns elementos para começar a sua subida. Mas tenha cuidado. Não tente subir muito rápido, ou cairá rapidamente, hehe! Vejamos a estratégia a seguir para não cair no abismo no futuro. Preste total atenção às minhas instruções se quiser chegar no topo.

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 Estratégia a seguir para subir na montanha

A maioria fracassa ao subir nesta montanha conhecida como "Verbos Sânscritos" porque não sabe como aproximar-se dela. Há três modos de fazê-lo:

(1) "Não preciso fazer nenhum esforço, pois o próprio Senhor me dará conhecimento sânscrito espontaneamente. Não preciso esforçar-me para aprender todas essas difíceis regras para conjugar verbos sânscritos. Deus abrirá minha mente e o conhecimento da língua sânscrita fluirá até ela por si mesmo".

(2) "Meu intelecto é realmente poderoso e não encontrarei nenhum problema ao aprender essa língua. Posso memorizar todas essas regras. Já aprendi outras línguas e não foi nada difícil. O poder de meu intelecto é a única coisa de que preciso".

(3) "Sei que meu intelecto é poderoso, mas também sei que a língua sânscrita é um oceano difícil de se cruzar. Tanta gente já se perdeu nele. Todavia, a graça do Senhor junto com a força de meu intelecto me permitirão cruzá-lo de todos os modos. Certamente, haverá problemas no caminho, mas chegarei ao final".

Já existiram algumas pessoas com uma devoção enorme. Através dessa devoção, elas podiam fazer o que quisessem. Diz-se que o próprio Senhor era o seu escravo. Não obstante, se alguém refletir sobre o atual estado de consciência da pessoa média, a conclusão é a seguinte: "a probabilidade de se encontrar esse estado de devoção em alguém é realmente baixa". Na realidade, a maioria das pessoas fica meramente esperando a graça de Deus por pura preguiça. E, consequentemente, a maioria das pessoas só ficará esperando que o conhecimento de Sânscrito flua até as suas mentes. Certamente, esse conhecimento não chegará a eles nem sequer em um milênio. Então, a primeira atitude é "geralmente" inadequada. A preguiça intelectual é um mau hábito em muita gente.

Há pessoas com um tremendo poder intelectual. Todavia, elas "poderiam" perder de vista a imensidão do oceano que está logo à sua frente. Considere isto: Há dez casas ou gaṇa-s. Um determinado verbo pode pertencer a um, dois ou mais gaṇa-s. Você terá que aprender e lembrar-se do ou dos gaṇa-s aos quais esse verbo pertence para conjugá-lo, e, posto que há muitos verbos, o seu problema é realmente grande. Logo, há um conjunto de terminações para o tempo Presente, outro para o Imperfeito, e assim sucessivamente. Além disso, em Sânscrito existe o número dual (além do singular e do plural). Então, você tem 3 terminações para o singular, 3 para o dual e 3 para o plural. Adicionalmente, um verbo pode ser conjugado na Voz Média (além da Voz Ativa e a Voz Passiva). A Voz Média tem, certamente, o seu próprio conjunto de terminações. E, para piorar as coisas, um verbo em particular pode admitir conjugação tanto na Voz Ativa quanto na Voz Média, ou somente em uma delas. Por conseguinte, você terá que conhecer tudo isto se quiser conjugar um verbo corretamente. E tenha plena segurança de que isso é somente a ponta do "iceberg". Há muitas, muitas, muitas regras adicionais. Obviamente, não importa o quão poderoso um intelecto possa ser, o oceano dos Verbos Sânscritos é um verdadeiro pesadelo. Como muita gente com fortes intelectos falhou em cruzá-lo, é realmente provável que você também fracasse se somente confiar no intelecto. A segunda atitude deve ser abandonada ou você se afogará no oceano, haha!

Creio que a terceira atitude é a correta, pois utiliza tanto a devoção quanto o intelecto. Você desenvolve uma atitude devocional em relação ao Sânscrito. Pensa nele como se fosse a encarnação sonora do próprio Deus e não como se fosse uma mera língua que tem que aprender. Se você não é capaz de sentir devoção ao Sânscrito, a subida será "quase" impossível. Assim, deve estudar verbos sânscritos e todo o resto com amor. Se não ama o Sânscrito, não o compreenderá. Lembre-se que a língua sânscrita é a base de uma antiga e grande cultura. Tantos sábios o têm utilizado para escrever as suas experiências e comunicar-nos sua sabedoria. Os próprios poderosos Mantra-s são baseados no Sânscrito e suas regras de pronúncia. Simultaneamente, você se esforça para aprender verbos sânscritos e todo o resto. Deixe para trás a sua preguiça e use o seu intelecto para entender como conjugar verbos. Deste modo, dois Cakra-s (centros de poder) estão trabalhando juntos em você: (Anāhatacakra --centro emocional-- e Ājñācakra --centro intelectual--). Use essas duas asas para cruzar esse insondável oceano e o objetivo será seu no final.

Como você vê, utilizei a analogia de um oceano agora. Seja um oceano, uma montanha ou qualquer outra coisa, pense nos verbos sânscritos como algo verdadeiramente gigantesco que necessitará de todo o seu amor e força intelectual se quiser conquistá-lo. Deste modo, o aprendizado do Sânscrito é, por si mesmo, todo um caminho espiritual. Quando você aprende Sânscrito, está praticando Jñānayoga (Yoga do Conhecimento), Bhaktiyoga (Yoga devocional), Karmayoga (Yoga da ação), etc. No seguinte documento sobre Verbos Sânscritos, lhe darei mais ensinamentos sobre como aproximar-se apropriadamente do tema. Boa sorte!

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 Notas finais

Este documento terminou. Estude-a uma e outra vez para compreender os conceitos cruciais completamente. No próximo documento, ensinarei como conjugar verbos pertencentes ao primeiro grupo, formado pelas casas ou classes 1, 4, 6 e 10. A base verbal nesses gaṇa-s é imutável e precisa ser adicionado um "a" à raiz para formar a base. Devido ao fato de que há muitos verbos "vivendo" nessas casas, se você aprende como conjugá-los de acordo com as suas regras, as probabilidades de um aprendizado bem-sucedido dos Verbos Sânscritos aumentarão. Vemos-nos em breve!

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 Informação adicional

Gabriel Pradīpaka

Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.

Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.