Sanskrit & Trika Shaivism (English-Home)

O Javascript está desativado! Cheque este link!


 FAQ1-Linguística

Perguntas frequentes sobre Linguística - Parte 1


 Introdução

Olá, Andrés Muni novamente. Neste documento, responderei a perguntas feitas frequentemente sobre Linguística. Se você tiver alguma pergunta que queira fazer-me, sinta-se livre e envie-me um e-mail. Responderei à sua pergunta pessoalmente, e, se for realmente interessante, também colocarei essa pergunta, bem como a sua resposta, neste documento, para que todos possam aproveitá-la.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


Ao início


 Perguntas sobre Linguística

Andrés Muni responde às suas perguntas

P: Como a língua sânscrita chegou à Europa moderna?

R: O estudo do sânscrito chegou à Europa moderna através de dois canais paralelos:

(1) O interesse romântico, literário e filosófico sobre a cultura da Índia.

(2) O interesse erudito sobre a história dessa cultura.

Esses dois canais têm a sua origem na obra de Sir William Jones (1746-1794) e seus dois colaboradores --Charles Wilkins (1749-1836) e Henry Colebrook (1765-1837)--. Charles Wilkins foi o primeiro inglês a tornar-se um estudioso de sânscrito. Em 1784, Jones fundou a Sociedade Asiática de Bengala, em cuja série de "Pesquisas asiáticas" foram publicadas as primeiras tentativas sistemáticas de descobrir as antigas raízes da cultura indiana.

Na Alemanha, a onda de entusiasmo pela literatura indiana teve como principal fonte J. G. Herder (1744-1803). Essa onda de entusiasmo incluiu grandes personalidades como Goethe, Schiller, Novalis, Schelling, Kant e Schopenhauer. Friedrich Schlegel (1772-1829) aprendeu sânscrito a partir de Alexander Hamilton, o qual conheceu em 1802. Friedrich Schlegel foi a primeira pessoa que traduziu textos em sânscrito diretamente para o idioma alemão.

P: Como esse processo continuou evoluindo até a atualidade?

R: Ao longo do século XIX, o interesse pelo sânscrito continuou decaindo na Grã Bretanha, apesar da ocupação britânica na Índia. Porém, o mesmo não ocorreu na Europa continental. Atualmente, a Grã Bretanha tem bem poucas cadeiras de sânscrito. Pelo contrário, na Alemanha, logo a partir da primeira cadeira de sânscrito estabelecida em Bonn (1818), quase todas as universidades possuem departamentos florescentes cobrindo um amplo espectro de estudos indianos.

Entretanto, um estudo imparcial e objetivo do sânscrito foi crescendo no grupo de britânicos que vivia na Índia (funcionários da Companhia Britânica das Índias Ocidentais, e, após 1860, oficiais da Coroa). Durante o século XX, um grande número de administradores, advogados e militares britânicos começou a ocupar-se com a cultura da Índia. Dentre eles, é impossível não mencionar John Woodroffe --juiz da Suprema Corte de Calcutá--, geralmente conhecido como "Arthur Avalon" (pseudônimo), que dedicou a sua vida à exposição e defesa do Tantrismo.

P: Quais são os novos achados sobre a civilização da Índia?

R: Escavações recentes mostram que, durante a Idade do Bronze, havia caçadores, pescadores e fazendeiros em Harappa (3300 a.C.). Ao longo de sete séculos, Harappa foi um dos cinco centros urbanos da civilização do vale do Ganges. Harappa foi uma das mais importantes cidades em uma civilização que floresceu no período que vai de 2600 a 1900 a.C. Pertencia a um conjunto de centros populacionais que estavam unidos mutuamente pela força do comércio e o parentesco. Essas cinco cidades formavam uma civilização que se estendeu até o norte (do mar da Arábia até os primeiros contrafortes dos Himalaias) e até o leste (até Nova Delhi). Assim como a civilização mesopotâmica (cujas cidades foram construídas alguns séculos antes das de Harappa), essa civilização possuía um sistema de escrita, e foram encontradas milhares de provas desse fato enterradas na área na qual vivia esse povo. Infelizmente, as tentativas feitas pelos eruditos para decifrar as antigas inscrições não tiveram sucesso. Escavações recentes mostram que, em 3300 a.C. --ou seja, sete séculos antes do apogeu de Harappa (2600 a.C.)--, havia uma vila no local onde Harappa foi finalmente edificada. Inscrições em vasilhas mostram que essas pessoas escreviam usando símbolos quase ao mesmo tempo que os habitantes da Mesopotâmia desenvolveram o suposto primeiro sistema de escrita.

A partir dos achados arqueológicos, demonstra-se que Harappa era uma sociedade de artesãos e comerciantes, ou seja, uma sofisticada sociedade baseada na classe média. Não foram encontradas em Harappa ruínas de grandes templos como na Mesopotâmia (não existe nenhuma evidência de que haja havido um reino ou uma teocracia em Harappa). Também não há nenhum indício da existência de um exército (não há gravuras ou esculturas que mostrem cenas de guerra, como no Egito ou na Mesopotâmia).

P: Quais foram as causas do desaparecimento de Harappa?

R: As cinco grandes cidades (que eram uma espécie de monte com várias casas em cima) de Harappa cresceram durante o decorrer dos séculos, já que os seus habitantes construíram residências e ruas sobre as dos seus predecessores. Não há nenhum resto de uma muralha por volta da cidade, mas cada monte tinha uma fortificação, que não era para defesa, e sim para evitar as inundações produzidas pelo rio Ravi* (um dos afluentes do Ganges). Uma grande porção das mercadorias exportadas de Harappa viajava ao longo do rio Ravi antes de chegar ao Ganges. Pode-se ter certeza de que parte dessas mercadorias iam de lá até Mohenjo Daro (uma cidade irmã de Harappa que estava localizada 650 km ao sul). Assim como Harappa (um nome pego de uma cidade moderna), ninguém sabe qual era o verdadeiro nome de Mohenjo Daro na antiguidade. "Mohenjo Daro" é um nome moderno que um antropólogo traduziu como "Monte dos mortos". Os primeiros arqueólogos que exploraram esse lugar pensavam que o fim da cidade (e de toda a civilização) foi devido a hordas invasoras da Ásia Central. Estudos recentes informam que não foram encontradas ali nem armas, nem evidências de ataques. O estudo de alguns esqueletos encontrados em cemitérios dessa região não demonstrou que os habitantes originais tenham sido expulsos por imigrantes com características distintas. Não se pode explicar com total certeza a razão do desaparecimento de uma civilização tão duradoura, embora se acredite que as flutuações no nível do rio Ganges tenham tido um grande impacto. As inundações destruíram a riqueza agrícola da cidade, e, assim, foram interrompidos o comércio e a economia. É provável que centenas de aldeias tenham sido aniquiladas por inundações de rios ou por inundações produzidas por correntes de água buscando novos leitos. Outras cidades foram abandonadas após o rio Sarasvatī --que corre paralelo ao Ganges-- secar porque os seus principais afluentes se desviaram em direção a outros sistemas fluviais (Nota: os rios são considerados como "deusas", daí o gênero feminino). Se a escrita do vale do Ganges fosse decifrada, essas teorias seriam confirmadas.

P: O que se conhece sobre a escrita dessa civilização?

R: Os arqueólogos catalogaram mais de 400 símbolos diferentes escritos em selos e vasilhas. A inscrição mais longa contém 26 símbolos. Certos linguistas acreditam que a língua pertença à família dravídica (incluindo o tâmil e outras 25 línguas que ainda são faladas no subcontinente). Entretanto, essa escrita é diferente de qualquer outra conhecida. Algumas vasilhas encontradas em Harappa (que datam de 3300 a 3000 a.C.) contêm gravuras similares a uma inscrição em forma de tridente. Essa inscrição em forma de tridente foi encontrada gravada em um selo que foi utilizado vários séculos depois. Os estudiosos estão de acordo nos seguintes pontos: (1) a inscrição deve ser lida da direita à esquerda; (2) os caracteres representam palavras, sílabas ou sons individuais. No entanto, como esses estudiosos possuem somente algumas breves passagens e nenhuma inscrição que sirva como pedra de Rosetta, as traduções propostas por eles são contraditórias [Nota: baseei a minha resposta na obra de Meadow (Universidade de Harvard) e Kenoyer (Universidade de Winsconsin)].

continua

Ao início


 Informação adicional

Andrés Muni

Este documento foi concebido por Andrés Muni, um dos dois fundadores deste site, e versado em linguística.

Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.