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 O Paramārthasāra (Paramarthasara) de Abhinavagupta: Estrofes 75 a 78 - Shaivismo Não-dual da Caxemira

Tradução normal


 Introdução

O Paramārthasāra continua com mais quatro estrofes. Este é o décimo nono conjunto de estrofes, composto de 4 das 105 estrofes que constituem a obra como um todo.

Obviamente, também incluirei as estrofes originais sobre as quais Yogarāja está comentando. Escreverei várias notas para que esse livro fique tão compreensível quanto possível.

O Sânscrito de Yogarāja estará em verde escuro, enquanto que as estrofes originais de Abhinavagupta serão exibidas em vermelho escuro. Por sua vez, dentro da transliteração, as estrofes originais estarão em marrom, enquanto que os comentários de Yogarāja serão mostrados em preto. Além disso, dentro da tradução, as estrofes originais de Abhinavagupta, isto é, o Paramārthasāra, estarão nas cores verde e preto, enquanto que o comentário de Yogarāja conterá palavras tanto em preto quanto em vermelho.

Leia o Paramārthasāra e experimente Supremo Ānanda ou Divina Alegria, querido Śiva.

Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (--...--) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.

Ao início


 Estrofe 75

बाह्यदेवगृहे किल भक्तः पुष्पाद्याहरणपूर्वं देवपूजापरो दृष्टो देहदेवगृहे पुनर्ज्ञानी किं कुर्वन्नधितिष्ठति — इत्याह


तत्र च परमात्ममहाभैरवशिवदेवतां स्वशक्तियुताम्।
आत्मामर्शनविमलद्रव्यैः परिपूजयन्नास्ते॥७५॥


तस्मिन्स्वदेहदेवगृहे प्रकृष्टयोगी परमः सर्वातिशायी यश्चैतन्यलक्षण आत्मा स एव निःशेषशब्दादिविषयोपभोगविलायनप्रगल्भत्वाद्भैरवो भरणरवणवमनस्वभावः स एव शिवदेवता प्रकृष्टश्रेयोरूपो देवस्तां परिपूजयन्नास्तेऽनवरतं वक्ष्यमाणेन क्रमेण तां तर्पयन्परिस्फुरेत्। ननु बाह्यदेवता परिवारयुता भवत्येतां किम्परिवारयुतां समर्चयेत् — इत्याह स्वशक्तियुतामिति। स्वाश्चैतन्यरश्मिरूपाश्चिन्निर्वृतीच्छाज्ञानक्रियाशक्तीनां विभवात्मिकाश्चक्षुरादिकरणशक्तयस्ताभिर्युतां समन्तादावृताम्। कैः परिपूजयन्नास्ते — इत्याह आत्मामर्शन इत्यादि। स्वात्मैवेदं सर्वमिति यद् आमर्शनं सर्वपदार्थानां संविद्रूपतया पूर्णाहन्ताविश्रान्तिलक्षणो यः परामर्शस्तेन द्वैतकालुष्यकलङ्कपरिक्षयाद्विमलानि यानि शब्दादिविषयपञ्चकरूपाणि पूजार्थं द्रव्याणि जाड्यापगमेन विशुद्धानि तैरात्मामर्शनविमलद्रव्यैः — इति। अयमाशयः — ज्ञानी हेयोपादेयभेदकलङ्कपरित्यागेनायत्नोपनतं शब्दादिविषयपञ्चकं श्रोत्रादिकरणदेवीभिः समाहृत्यान्तश्चमत्कुर्वन्स्वात्मनाभेदमापादयति — इत्येवमनवरतं प्रतिविषयस्वीकारकाले योऽन्तरभेदेन चमत्कारः पूर्णाहन्तास्फुरणमेतदेव स्वात्मदेवतापूजनमत एव शब्दादयो विषयाः पूजोपकरणमित्यवधानवता विषयग्रहणकाले प्रतिक्षणं स्वात्मदेवतापूजकेन भाव्यम् — इति रहस्यविदः। एतदेव स्तुतिद्वारेण राजानकरामो दृब्धवान्यथा

नित्योद्दामसमुद्यमाहृतजगद्भावोपहारार्पणव्यग्राभिस्तव तैजसीप्रभृतिभिर्यच्छक्तिभिस्तर्प्यते।
तन्मांसास्रवसास्थिकूटकलिले काये श्मशानालये रूपं दर्शय भैरवं भवनिशासञ्चारवीरस्य मे॥

इति॥७५॥

Bāhyadevagṛhe kila bhaktaḥ puṣpādyāharaṇapūrvaṁ devapūjāparo dṛṣṭo dehadevagṛhe punarjñānī kiṁ kurvannadhitiṣṭhati — Ityāha


Tatra ca paramātmamahābhairavaśivadevatāṁ svaśaktiyutām|
Ātmāmarśanavimaladravyaiḥ paripūjayannāste||75||


Tasminsvadehadevagṛhe prakṛṣṭayogī paramaḥ sarvātiśāyī yaścaitanyalakṣaṇa ātmā sa eva niḥśeṣaśabdādiviṣayopabhogavilāyanapragalbhatvādbhairavo bharaṇaravaṇavamanasvabhāvaḥ sa eva śivadevatā prakṛṣṭaśreyorūpo devastāṁ paripūjayannāste'navarataṁ vakṣyamāṇena krameṇa tāṁ tarpayanparisphuret| Nanu bāhyadevatā parivārayutā bhavatyetāṁ kimparivārayutāṁ samarcayet — Ityāha svaśaktiyutāmiti| Svāścaitanyaraśmirūpāścinnirvṛtīcchājñānakriyāśaktīnāṁ vibhavātmikāścakṣurādikaraṇaśaktayastābhiryutāṁ samantādāvṛtām| Kaiḥ paripūjayannāste — Ityāha ātmāmarśana ityādi| Svātmaivedaṁ sarvamiti yad āmarśanaṁ sarvapadārthānāṁ saṁvidrūpatayā pūrṇāhantāviśrāntilakṣaṇo yaḥ parāmarśastena dvaitakāluṣyakalaṅkaparikṣayādvimalāni yāni śabdādiviṣayapañcakarūpāṇi pūjārthaṁ dravyāṇi jāḍyāpagamena viśuddhāni tairātmāmarśanavimaladravyaiḥ — Iti| Ayamāśayaḥ — Jñānī heyopādeyabhedakalaṅkaparityāgenāyatnopanataṁ śabdādiviṣayapañcakaṁ śrotrādikaraṇadevībhiḥ samāhṛtyāntaścamatkurvansvātmanābhedamāpādayati — Ityevamanavarataṁ prativiṣayasvīkārakāle yo'ntarabhedena camatkāraḥ pūrṇāhantāsphuraṇametadeva svātmadevatāpūjanamata eva śabdādayo viṣayāḥ pūjopakaraṇamityavadhānavatā viṣayagrahaṇakāle pratikṣaṇaṁ svātmadevatāpūjakena bhāvyam — Iti rahasyavidaḥ| Etadeva stutidvāreṇa rājānakarāmo dṛbdhavānyathā

Nityoddāmasamudyamāhṛtajagadbhāvopahārārpaṇavyagrābhistava taijasīprabhṛtibhiryacchaktibhistarpyate|
Tanmāṁsāsravasāsthikūṭakalile kāye śmaśānālaye rūpaṁ darśaya bhairavaṁ bhavaniśāsañcāravīrasya me||

Iti||75||

Verdadeiramente (kila) se vê (dṛṣṭaḥ), em um templo externo (bāhya-deva-gṛhe), um devoto (bhaktaḥ) dedicado (paraḥ) à adoração (pūjā) de Deus (deva), acompanhado (pūrvam) pelo ato de trazer (āharaṇa) flores (puṣpa) (como oferendas). No entanto (punar), no templo (deva-gṛhe) do corpo (deha), o que (kim) continua (adhitiṣṭhati) fazendo (kurvan) o Conhecedor do Ser (jñānī)? (Para responder a essa pergunta, Abhinavagupta) disse (āha) assim (iti):


E (ca), nesse (templo do seu próprio corpo) (tatra), (o Conhecedor do Ser) continua (āste) adorando (paripūjayan) a deidade (devatām) (denominada) Śiva (śiva), (que também é conhecida como) o Ser Supremo (parama-ātma) (e) o Grande Bhairava (mahā-bhairava), e que está acompanhada por (yutām) Seus próprios (sva) Poderes (śakti). (Ele O adora) com substâncias (dravyaiḥ) (que são) totalmente puras (vimala) (devido a sua) lembrança (āmarśana) do Ser (ātma)||75||


("Paramātma" --lit. o Ser Supremo-- na estrofe significa) ele (saḥ eva) que (yaḥ) (é) "Ātmā" --lit. o Ser-- (ātmā), já que está caracterizado por (lakṣaṇaḥ) Caitanya, ou Consciência na Absoluta Liberdade (caitanya) (, e) "Parama", (paramaḥ) (ou) Isto que ultrapassa (atiśāyī) tudo (sarva). (Além disso,) já que Ele é habilidoso (pragalbhatvāt) em dissolver (vilāyana) o prazer (upabhoga) de todos (niḥśeṣa) os objetos (viṣaya), (tais como) sons (śabda), etc. (ādi), (Ele é conhecido como) "Bhairava" (bhairava) (ou) Aquele cuja natureza (sva-bhāvaḥ) (é) sustentar, retirar e manifestar o universo (bharaṇa-ravaṇa-vamana). Esse mesmíssimo (Paramātmā ou Bhairava) (saḥ eva) (é) a deidade (devatā) (denominada) Śiva (śiva), isto é, Deus (devaḥ), cuja essência (rūpaḥ) é o Mais Alto (prakṛṣṭa) Bem (śreyas) --ou "Superior e Auspicioso"--. O Yogī (yogī) superior (prakṛṣṭa), no templo (tasmin... deva-gṛhe) de seu próprio (sva) corpo (deha), continua (āste) adorando (paripūjayan) constantemente (anavaratam) por meio do método (krameṇa) que será discutido mais adiante (vakṣyamāṇena), (isto é,), continua (parisphuret) agradando (tarpayan) a Ele (tām).

Uma objeção (nanu): "(Já que) a deidade (devatā) externa (bāhya) está (bhavati) acompanhada por (yutā) um grande séquito (parivāra), por que classe (kim) de grande séquito (parivāra) está acompanhada (yutām) esta (deidade denominada Śiva), a quem (etām) (o Yogī superior) honra (samarcayet... iti)?". (Abhinavagupta) disse (āha): "svaśaktiyutām" (sva-śakti-yutām iti).

("Svaśakti" em "svaśaktiyutām" significa) Seus próprios (svāḥ) (e) gloriosos (vibhava-ātmikāḥ) poderes (śaktayaḥ) dos sentidos (karaṇa) (, tais como) o poder da visão (cakṣus), etc. (ādi), que são os raios (raśmi-rūpāḥ) da Consciência em Liberdade Absoluta (caitanya) (e) pertencem aos Poderes --isto é, derivam dos Poderes-- (śaktīnām) de Cit --Consciência-- (cit), Nirvṛti --Alegria-- (nirvṛti), Icchā --Vontade-- (icchā), Jñāna --Conhecimento-- (jñāna) (e) Kriyā --Ação-- (kriyā); (e o termo "yutām" quer dizer) completamente (samantāt) preenchida (āvṛtām) por eles --com tais Poderes-- (tābhiḥ) --em outras palavras, "o Yogī superior continua adorando a deidade denominada Śiva, que também é conhecida como o Ser Supremo e o Grande Bhairava, e que está acompanhada por Seus próprios Poderes de Consciência, Alegria, Vontade, Conhecimento e Ação--.

"Por meio de que tipo de coisas (kaiḥ) ele continua (āste) adorando (paripūjayan... iti)?". (Abhinavagupta) disse (āha): "ātmāmarśana" (ātma-āmarśana), etc. (iti-ādi).

O "āmarśana" (āmarśanam) de que (yad) "O próprio (sva) Ser (ātmā eva) (é) tudo (sarvam) isto (idam... iti)" (implica) a lembrança (parāmarśaḥ) que (yaḥ) se caracteriza por (lakṣaṇaḥ) um repouso ou descanso (viśrānti) na Perfeita e Plena consciência do Eu (pūrṇa-ahantā), que aparece na forma de (rūpatayā) Consciência Pura (saṁvid) no caso de todos os objetos (sarva-padārthānām). Por causa da remoção (parikṣayāt), por essa (lembrança) (tena), da mancha (kalaṅka) derivada da turvação (kāluṣya) do dualismo (dvaita), as substâncias (dravyāṇi) para realizar adoração (pūjā-artham), as quais (yāni) consistem de (rūpāṇi) um grupo de cinco (pañcaka) objetos (viṣaya) (tais como) som (śabda), etc. (ādi), (tornam-se) "vimala" (vimalāni) (ou) totalmente puras (viśuddhāni), já que elas abandonam (apagamena) (seu) estado de inconsciência (jāḍya) --isto é, deixam de ser substâncias inertes e tornam-se cheias de Vida ou Consciência--. (Portanto, o Yogī superior continua adorando Śiva) com essas (taiḥ) substâncias (dravyaiḥ) que se tornaram completamente puras (vimala) devido a (sua) lembrança (āmarśana) do Ser (ātma... iti).

Este (ayam) (é) o sentido (āśayaḥ): O Conhecedor do Ser (jñānī), abandonando completamente (parityāgena) a mancha (kalaṅka) dualista (bheda) (baseada no) que deve ser aceito (upādeya) (ou) rejeitado (heya), (e) apropriando-se (samāhṛtya), por meio das deusas (devībhiḥ) dos sentidos (karaṇa)(tais como) o poder da audição (śrotra), etc. (ādi)—, do grupo de cinco (pañcakam) objetos (viṣaya) —por exemplo, som (śabda) e assim por diante (ādi)— que é gerado (upanatam) sem esforço (ayatna), traz (esse grupo) a um estado (āpādayati) de unidade (abhedam) com si mesmo --com seu próprio Ser-- (sva-ātmanā) enquanto expressa um assombroso Deleite interno (antar-camatkurvan). Assim (iti evam), isto (etad eva) (é) a adoração (pūjanam) da deidade (devatā) (conhecida como) o próprio (sva) Ser (ātma): Um brilho (sphuraṇam) da Perfeita e Plena Consciência do Eu (pūrṇa-ahantā) (, na forma de) um Deleite (camatkāraḥ) que (yaḥ) (está) em unidade interna (antar-abhedena) constantemente (anavaratam) (e que se experimenta) no momento (kāle) de receber (pelos sentidos) (svīkāra) cada um (prati) de (tais) objetos --som, etc.-- (viṣaya). Devido a isso --desse ponto de vista superior, isto é, devido à unidade interna do grande Yogī com o universo inteiro-- (atas eva), "objetos (viṣayāḥ) (tais como) som (śabda), etc. (ādayaḥ) (são considerados como) os requisitos para a adoração de uma deidade (pūjā-upakaraṇam iti)". (Consequentemente, a verdadeira adoração) deve ser realizada (bhāvyam) por um adorador (pūjakena) atento (avadhānavatā) da deidade (devatā) (denominada) seu próprio (sva) Ser (ātma) a cada momento (prati-kṣaṇam), no instante (kāle) em que percebe (grahaṇa) objetos (viṣaya). Isso é estabelecido por aqueles que conhecem o ensinamento secreto (iti rahasya-vidaḥ).

Da mesma forma (yathā), o compositor (dṛbdhavān) (cujo nome é) Rājānakarāma --mais conhecido como Rāmakaṇṭha-- (rājānakarāmaḥ) (descreveu) essa mesma (verdade) (etad eva) por meio de (dvāreṇa) uma adoração (stuti):

"(Já que a deidade) está satisfeita (comigo) (tarpyate) por meio desses poderes --por meio dos poderes dos sentidos-- (yad-śaktibhiḥ) —começando (prabhṛtibhiḥ) pelo que aparece em taijasa --o estado de sonho--, etc. (taijasī)— que --tais poderes-- estão intensamente ocupados com (vyagrābhiḥ) oferecer-Te (arpaṇa... tava) objetos (bhāva) mundanos (jagat) como presentes (upahāra), (tais objetos) sempre (nitya) emergindo (samudyama) de modo irrestrito (uddāma), então (tad) mostra-me (darśaya... me) a terrível (bhairava) forma (rūpam) do Herói (vīrasya) que vaga (sañcāra) pela noite (niśā) do Saṁsāra --Transmigração repleta de miséria-- (bhava) como um corpo (kāye) que reside em campos crematórios (śmaśānālaye) (e) está coberto por (kalile) uma massa (kūṭa) de carne (māṁsa), sangue (asra), gordura (vasā) (e) ossos (asthi... iti)".

||75||


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Ao início


 Estrofe 76

पूजान्ते तावदग्निहवनेन भाव्यम् — इति ज्ञानिनः कथं तत् — इत्याह


बहिरन्तरपरिकल्पनभेदमहाबीजनिचयमर्पयतः।
तस्यातिदीप्तसंविज्ज्वलने यत्नाद्विना भवति होमः॥७६॥


तस्य एवंविधस्य स्वात्मदेवतापूजकस्यातिदीप्ते पराहन्ताचमत्कारभास्वरे चैतन्याग्नौ यत्नाद्विना तिलाज्येन्धनादिस्वीकारकदर्थनाया ऋते होमो वह्नितर्पणं सम्पद्यते। किं कुर्वतः — इत्याह बहिरन्तर इत्यादि। बहिर्नीलादौ प्रमेये यत् स्वपरप्रमातृकल्पनमन्तर्ग्राह्ये सुखादौ च यत् सङ्कल्पनम् — इत्येवंरूपो यो भेदो बाह्याबाह्ययोः प्रमातृप्रमेययोर्निश्चयसङ्कल्पनाभिमानवृत्तिस्वभावं नानात्वमेतदेव महाबीजं प्रमातृप्रमेययोस्ततः समुत्पत्तेस्तस्य कल्पनारूपस्य भेदबीजभूतस्य निचयो भेदस्यानन्त्याद्राशिस्तमर्पयतः परमाद्वयदृष्ट्याविकल्पकसंविद्रूपानुप्रवेशेन स्वात्मवह्नौ जुह्वतः — इति। अयमाशयः — परब्रह्मात्मकस्य योगिनो देहादिप्रमातृताभिमानाभावाद्यः स्वरससिद्धः स्वपरप्रमातृप्रमेयकलनपरिक्षयः स एवाकृत्रिमो होमः। यथाह भट्टश्रीवीरवामनः

यत्रेन्धनं द्वैतवनं मृत्युरेव महापशुः।
अलौकिकेन यज्ञेन तेन नित्यं यजामहे॥

इति॥७६॥

Pūjānte tāvadagnihavanena bhāvyam — Iti jñāninaḥ kathaṁ tat — Ityāha


Bahirantaraparikalpanabhedamahābījanicayamarpayataḥ|
Tasyātidīptasaṁvijjvalane yatnādvinā bhavati homaḥ||76||


Tasya evaṁvidhasya svātmadevatāpūjakasyātidīpte parāhantācamatkārabhāsvare caitanyāgnau yatnādvinā tilājyendhanādisvīkārakadarthanāyā ṛte homo vahnitarpaṇaṁ sampadyate| Kiṁ kurvataḥ — Ityāha bahirantara ityādi| Bahirnīlādau prameye yat svaparapramātṛkalpanamantargrāhye sukhādau ca yat saṅkalpanam — Ityevaṁrūpo yo bhedo bāhyābāhyayoḥ pramātṛprameyayorniścayasaṅkalpanābhimānavṛttisvabhāvaṁ nānātvametadeva mahābījaṁ pramātṛprameyayostataḥ samutpattestasya kalpanārūpasya bhedabījabhūtasya nicayo bhedasyānantyādrāśistamarpayataḥ paramādvayadṛṣṭyāvikalpakasaṁvidrūpānupraveśena svātmavahnau juhvataḥ — Iti| Ayamāśayaḥ — Parabrahmātmakasya yogino dehādipramātṛtābhimānābhāvādyaḥ svarasasiddhaḥ svaparapramātṛprameyakalanaparikṣayaḥ sa evākṛtrimo homaḥ| Yathāha bhaṭṭaśrīvīravāmanaḥ

Yatrendhanaṁ dvaitavanaṁ mṛtyureva mahāpaśuḥ|
Alaukikena yajñena tena nityaṁ yajāmahe||

Iti||76||

Ao final (ante) de uma adoração (pūjā) deveria certamente haver (tāvat... bhāvyam) uma oblação ao fogo do sacrifício (agni-havanena... iti). Como (katham) (ocorre) isso (tad) no caso de um Conhecedor do Ser (jñāninaḥ... iti)? (Abhinavagupta) disse (āha) (o seguinte:)


No caso do (Conhecedor do Ser) que oferece (arpayataḥ) a grande (mahā) pilha (nicayam) de sementes (bīja) de dualidade (bheda) (constituídas por) invenções mentais (parikalpana) internas (antara) (e) externas (bahis) ao extremamente brilhante Fogo (atidīpta... jvalane) de sua (tasya) Consciência Pura (saṁvid), há (bhavati) "homa" --o ato de oferecer oblações ao fogo-- (homaḥ) sem (vinā) nenhum esforço (yatnāt)||76||


No extremamente brilhante (ati-dīpte)(a saber,) no resplandecente (bhāsvare) Deleite (camatkāra) da Mais Alta consciência do Eu (parā-ahantā)— Fogo (agnau) da Consciência em Liberdade Absoluta (caitanya) desse (tasya)(ou seja,) desse (evaṁvidhasya) adorador (pūjakasya) da deidade (devatā) (denominada) o próprio (sva) Ser (ātma)—, há (sampadyate) "homa" (homaḥ) —oblações (tarpaṇam) ao fogo (vahni)— sem (vinā) nenhum esforço (yatnāt); (em outras palavras,) sem (ṛte) o problema (kadarthanāyāḥ) de ter que conseguir (svī-kāra) sementes de sésamo (tila), manteiga clarificada (ājya), combustível (indhana), e assim por diante (ādi).

Como (kim) (isso) deve ser feito (kurvataḥ... iti)? (Abhinavagupta) disse (āha): "bahirantara", etc. (iti-ādi). "Bahir... (parikalpana)" (bahis) (é) a criação mental (yad... kalpana) (sobre a dualidade entre) si mesmo (sva... pramātṛ) (e) outro sujeito (para-pramātṛ), com referência a um objeto externo (prameye) (tal como) a cor azul, etc. (nīla-ādau), e (ca) ("antaraparikalpana" é) a imaginação (yad saṅkalpanam) (sobre a dualidade de) um objeto interno (antar-grāhye) (tal como) prazer, etc. (sukha-ādau... iti). Tal (evaṁrūpaḥ) dualidade (bhedaḥ) relativa a "externo vs. não externo" (bāhya-abāhyayoḥ), "sujeito vs. objeto" (pramātṛ-prameyayoḥ), (é) diversidade (nānātvam) cuja essência (sva-bhāvam) consiste de modificações mentais --flutuações da mente-- (vṛtti) (baseadas na) concepção errônea (abhimāna) de presumir que algo é verdadeiro (niścaya-saṅkalpanā). (E) essa própria coisa (etad eva) (é) "mahā-bījam" --lit. muitas sementes-- (mahā-bījam), já que é a origem (tatas samutpatteḥ) da (dualidade conhecida como) sujeito-objeto (pramātṛ-prameyayoḥ). O "nicaya" (nicayaḥ) do que é (tasya... bhūtasya) sementes (bīja) de dualidade (bheda) (e) se baseia em (rūpasya) (mera) imaginação (kalpanā) (é) uma pilha (de tais sementes) (rāśiḥ) que provém do infinito (ānantyāt) da diversidade (bhedasya). (A expressão "arpayataḥ... saṁvijjvalane" na estrofe significa) "arpayataḥ" (arpayataḥ) (, ou) no caso de alguém que oferece (juhvataḥ) essa (grande pilha de sementes nascidas da dualidade) (tam) ao fogo (vahnau) de seu próprio (sva) Ser (ātma) por meio do ponto de vista (dṛṣṭyā) do supremo (parama) não-dualismo (advaya), (ou seja,) por meio de uma penetração (anupraveśena) na natureza (rūpa) da Consciência Pura (saṁvid... iti) sem pensamentos (avikalpaka).

(Em resumo,) este (ayam) (é, então,) o sentido (āśayaḥ) (da estrofe inteira:) No caso do Yogī (yoginaḥ) que é (ātmakasya) o Supremo (para) Brahma (brahma), devido à ausência (abhāvāt) da falsa concepção (abhimāna) de que a subjetividade (pramātṛtā) (é) o corpo (deha), etc. (ādi), o "homa" natural --o ato de oferecer oblações ao fogo-- (saḥ eva akṛtrimaḥ homaḥ) (é) a aniquilação (parikṣayaḥ) das criações mentais (kalana) (conhecidas como) si mesmo-outro (sva-para) (e) sujeito-objeto (pramātṛ-prameya), a qual (yaḥ) é levada a cabo (siddhaḥ) pela seiva e vigor (rasa) do Ser (sva).

Como (yathā) disse (āha) o muito venerável (bhaṭṭaśrī) Vīravāmana (vīravāmanaḥ):

"Adoramos (yajāmahe) sempre (nityam) por meio desse sacrifício (yajñena tena) que não é relativo a este mundo (alaukikena), onde (yatra) o combustível (indhanam) (é) o bosque (vanam) da dualidade (dvaita) (e) a morte (mṛtyuḥ) (é) o grande (mahā) animal (paśuḥ) (a ser sacrificado), certamente (eva... iti)".

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Ao início


 Estrofe 77

एवंरूपस्य याजकस्य ध्यानमाह


ध्यानमनस्तमितं पुनरेष हि भगवान्विचित्ररूपाणि।
सृजति तदेव ध्यानं सङ्कल्पालिखितसत्यरूपत्वम्॥७७॥


नियताकारचिन्तितस्याकारस्यान्यत्र मनोवृत्तेर्गमनात्क्षयोऽस्तीदं पुनरनस्तमितं ध्यानं यस्मादेष भगवान् अप्यनन्तः स्वात्मरूपो महेश्वरः क्रियाशक्तिस्वभावविकल्पस्वातन्त्र्येण यानि विचित्राणि रूपाणि सृजति अनवरतं नानापदार्थान्विकल्परूपानाकारान्बुद्धिदर्पणे समुल्लिखति तदेवास्तोदयवर्जितमेतस्य ध्यानं चिन्तनं नातोऽन्यत्किञ्चित्। इतरत्र तु देवताविशेषे नानावक्त्राङ्गपरिकल्पनया नैयत्यं स्यात्। सर्वो मनोव्यापारः पराशक्तिस्फारपल्लवभूतः — इति जानानस्यानवच्छिन्नमिदं सर्वं परमेश्वरीभूतम्। तथा सङ्कल्पेन मनसा आलिखितं संविद्भित्तौ चित्रीकृतं सत्यरूपत्वं परमार्थता यस्य ध्यानस्य तत्। एवं यतः सर्वमिदं प्रकाशमानं विकल्पोल्लिखितं मनोव्यापाररूपमपि प्रकाशानतिरिक्तं सत्यं सर्वत्र संविदनुगमात् — इति। तदुक्तं श्रीमत्स्वच्छन्दशास्त्रे

यत्र यत्र मनो याति तत्र तत्रैव धारयेत्।
चलित्वा कुत्र गन्तासि सर्वं शिवमयं यतः॥

इति। तथा शैवोपनिषदि

यत्र यत्र मनो याति बाह्ये वाभ्यन्तरे प्रिये।
तत्र तत्र शिवावस्था व्यापकत्वात्क्व यास्यति॥

इति। तस्मात्स्वरसोदितमेतद्योगिनो ध्यानम् — इति॥७७॥

Evaṁrūpasya yājakasya dhyānamāha


Dhyānamanastamitaṁ punareṣa hi bhagavānvicitrarūpāṇi|
Sṛjati tadeva dhyānaṁ saṅkalpālikhitasatyarūpatvam||77||


Niyatākāracintitasyākārasyānyatra manovṛttergamanātkṣayo'stīdaṁ punaranastamitaṁ dhyānaṁ yasmādeṣa bhagavān apyanantaḥ svātmarūpo maheśvaraḥ kriyāśaktisvabhāvavikalpasvātantryeṇa yāni vicitrāṇi rūpāṇi sṛjati anavarataṁ nānāpadārthānvikalparūpānākārānbuddhidarpaṇe samullikhati tadevāstodayavarjitametasya dhyānaṁ cintanaṁ nāto'nyatkiñcit| Itaratra tu devatāviśeṣe nānāvaktrāṅgaparikalpanayā naiyatyaṁ syāt| Sarvo manovyāpāraḥ parāśaktisphārapallavabhūtaḥ — Iti jānānasyānavacchinnamidaṁ sarvaṁ parameśvarībhūtam| Tathā saṅkalpena manasā ālikhitaṁ saṁvidbhittau citrīkṛtaṁ satyarūpatvaṁ paramārthatā yasya dhyānasya tat| Evaṁ yataḥ sarvamidaṁ prakāśamānaṁ vikalpollikhitaṁ manovyāpārarūpamapi prakāśānatiriktaṁ satyaṁ sarvatra saṁvidanugamāt — Iti| Taduktaṁ śrīmatsvacchandaśāstre

Yatra yatra mano yāti tatra tatraiva dhārayet|
Calitvā kutra gantāsi sarvaṁ śivamayaṁ yataḥ||

Iti| Tathā śaivopaniṣadi

Yatra yatra mano yāti bāhye vābhyantare priye|
Tatra tatra śivāvasthā vyāpakatvātkva yāsyati||

Iti| Tasmātsvarasoditametadyogino dhyānam — Iti||77||

(Na presente estrofe, Abhinavagupta) declarou (āha) a meditação (dhyānam) de tal (evaṁrūpasya) sacrificador (yājakasya):


A meditação (deste Conhecedor do Ser) (dhyānam) não (está), no entanto, sujeita a declínio --não cessa-- (anastamitam punar), pois (hi) o Afortunado --o Grande Senhor-- (eṣaḥ... bhagavān) emite --manifesta-- (sṛjati) formas (rūpāṇi) que são múltiplas e multicoloridas (vicitra). Essa (tad eva) meditação (dhyānam) (dele é tal que tudo aquilo que) é representado (ālikhita) pela mente (sobre a tela da Consciência Pura) (saṅkalpa) (constitui) a Mais Elevada Verdade (satya-rūpatvam)||77||


Existe (asti) destruição (kṣayaḥ) de uma forma (ākārasya) que foi pensada (cintitasya) como limitada (niyata) em seu aspecto (ākāra) devido ao movimento (gamanāt) das modificações mentais (manas-vṛtteḥ). Essa (idam) meditação (dhyānam) (do Conhecedor do Ser) não está, no entanto, sujeita a declínio --não cessa-- (anastamitam punar), porque (yasmāt) o Afortunado --Śiva-- (eṣaḥ bhagavān api), o infinito (anantaḥ) Grande Senhor (mahā-īśvaraḥ) que é (rūpaḥ) seu próprio (sva) Ser (ātma), emite --manifesta-- (sṛjati) formas (rūpāṇi) que (yāni) são múltiplas e multicoloridas (vicitrāṇi) por meio da sua Liberdade Absoluta (svātantryeṇa) em relação a pensamentos (vikalpa), cuja --de sua Liberdade Absoluta-- natureza (sva-bhāva) é o Poder (śakti) de Ação (kriyā). (Em suma, na meditação deste grande Yogī,) ele constantemente representa (anavaratam... samullikhati) diversas coisas (nānā-padārthān), (isto é,) formas (ākārān) cuja essência são (rūpān) pensamentos (vikalpa), no espelho (darpaṇe) de (seu) intelecto (buddhi), (e) isso mesmo (tad eva) (é) seu (etasya) "dhyāna" (dhyānam) (ou) meditação (cintanam) desprovida de (varjitam) nascer e pôr --fim e início-- (asta-udaya). (Essa meditação dele) não é absolutamente nada mais (na... anyat kiñcid) que isto (atas).

Mas (tu), por outro lado (itaratra), poderia haver (syāt) restrição (naiyatyam) em relação a uma particular (viśeṣe) deidade (devatā) segundo a visualização mental (parikalpanayā) de seus diversos (nānā) rostos (vaktra) (e) corpos (aṅga).

(Não obstante,) "toda (sarvaḥ) operação (vyāpāraḥ) mental (manas) é (bhūtaḥ) um broto (pallava) que se expande a partir (sphāra) do Mais Alto (parā) Poder (śakti... iti)" até aquele que ininterruptamente sabe (jānānasya anavacchinnam) que tudo (sarvam) isso (idam) é o Senhor Supremo (parama-īśvarī-bhūtam).

Dessa maneira (tathā), no caso da meditação (dhyānasya) desse (Conhecedor do Ser) (yasya), aquilo (tad) que é "ālikhita" (ālikhitam) —representado (citrī-kṛtam) sobre a tela (bhittau) da Consciência Pura (saṁvid)— por "saṅkalpa" (saṅkalpena) —pela mente (manasā)(constitui) "satyarūpatvam" (satya-rūpatvam) —a Mais Elevada Verdade (parama-arthatā)—.

Deste modo (evam), como (yatas) tudo (sarvam) isto (idam) é manifestado pela Luz do Ser (prakāśamānam), mesmo (api) aquilo que é representado (ullikhitam) pelos pensamentos (vikalpa) (, e) cuja natureza (rūpam) é operações (vyāpāra) mentais (manas), é a Verdade (satyam) (, e consequentemente) não é diferente (anatiriktam) da Luz do Ser (prakāśa), já que (anugamāt) a Consciência Pura (saṁvid) (está) em todo lugar (sarvatra... iti).

Essa (mesma verdade) (tad) foi (também) declarada (uktam) no venerável Svacchandatantra (śrīmat-svacchanda-śāstre):

"Onde quer que (yatra yatra) (sua) mente (manas)(yāti), (o Yogī) deveria manter sua concentração (dhārayet) justamente aí (tatra tatra eva). Como (yatas) tudo (sarvam) é Śiva (śiva-mayam), (oh, mente,) onde (kutra) você irá (gantāsi) com seu movimento (de lá para cá) (calitvā... iti)?".

Similarmente (tathā), no Vijñānabhairava --também conhecido como a Doutrina Secreta de Śiva-- (śaiva-upaniṣadi):

"Onde quer que (yatra yatra) a mente (manas)(yāti), quer seja (vā) até o exterior (bāhye) (ou) até o interior (abhyantare), oh, Amada (priye), o Estado (avasthā) de Śiva (śiva) (está) justamente aí (tatra tatra), já que é todo-penetrante (vyāpakatvāt). (Oh, mente,) onde (kva) irá (yāsyati... iti) (então)?".

Portanto (tasmāt), a meditação (dhyānam) deste Yogī (etad-yoginaḥ) brota (uditam) a partir da seiva (rasa) de (seu próprio) Ser (sva... iti)||77||


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 Estrofe 78

जपश्चास्य कीदृशः स्यात् — इत्याह


भुवनावलीं समस्तां तत्त्वक्रमकल्पनामथाक्षगणम्।
अन्तर्बोधे परिवर्तयति च यत्सोऽस्य जप उदितः॥७८॥


वक्ष्यमाणेन क्रमेण यो विश्वस्य प्रतिक्षणमभेदेन पराहन्ताप्रत्यवमर्शः सोऽयमस्य जप उदितोऽकृत्रिमत्वेन कथितः। कोऽसौ — इत्याह भुवनावलीं समस्तां षट्त्रिंशत्तत्त्वसमूहान्तर्वर्तिनीं चत्वारिंशदुत्तरशतद्वयसङ्ख्यातां प्राकारपङ्क्तिं निःशेषां तथा तत्त्वक्रमकल्पनामिति तत्त्वक्रमस्य आत्मविद्याशिवाख्यस्य परिकल्पनां परिच्छेदमथाक्षगणमित्यन्तर्बहिष्करणरूपमिन्द्रियसमूहं च — इति अन्तर्बोधे मध्यमप्राणशक्त्यक्षसूत्रभूतायां स्वसंवित्तौ नादबिन्दुप्रवाहक्रमेण यत्परिवर्तयति अरघट्टघटीयन्त्रवत्प्रतिप्राणविक्षेपसृष्टिस्थितिसंहारक्रमेण सर्वमेतत्स्वसंवित्तौ परिभ्रमयति प्रतिक्षणं नादात्मना परामृशति — इति यावत्। स एव पूर्णाहन्ताविश्रान्तिलक्षणोऽकृत्रिमोऽस्य जपः। अयमाशयः — जपः किल वाच्यरूपाया देवताया वाचकस्य मन्त्रस्योच्चारः स चाक्षमालया प्राणशक्तिव्याप्तिकयाक्षपरिवर्तनक्रमेण सङ्ख्येयः। परमाद्वययोगिनस्तु स्वा प्राणशक्तिस्तन्तुभूता मध्यमप्राणे प्रवाहक्रमेण नदन्ती स्वरसोदिता सर्वाक्षक्रोडीकारेण सहजैवाक्षमालोच्यते यतः सर्वमिदं वाच्यं षट्त्रिंशत्तत्त्वात्मकं विश्वं प्राणशक्तावेव प्रतिष्ठितं सत् प्रतिप्राणविक्षेपमुदयव्ययक्रमेण परास्वभावा भगवती प्राणस्वरूपमाश्रित्य विमृशन्ती प्रतिप्राणस्पन्दमवधानवतो योगिनो जपमकृत्रिमं साधयति। अत्र जपसङ्ख्या

एकविंशत्सहस्राणि षट्शतानि दिवानिशम्।
जपो देव्याः समुद्दिष्टः सुलभो दुर्लभो जडैः॥

इति शैवोपनिषदि। शिवसूत्रेषु

कथा जपः।

इति। एवमेष वन्द्यचरणानामवधानवतामेव गोचरः — इति॥७८॥

Japaścāsya kīdṛśaḥ syāt — Ityāha


Bhuvanāvalīṁ samastāṁ tattvakramakalpanāmathākṣagaṇam|
Antarbodhe parivartayati ca yatso'sya japa uditaḥ||78||


Vakṣyamāṇena krameṇa yo viśvasya pratikṣaṇamabhedena parāhantāpratyavamarśaḥ so'yamasya japa udito'kṛtrimatvena kathitaḥ| Ko'sau — Ityāha bhuvanāvalīṁ samastāṁ ṣaṭtriṁśattattvasamūhāntarvartinīṁ catvāriṁśaduttaraśatadvayasaṅkhyātāṁ prākārapaṅktiṁ niḥśeṣāṁ tathā tattvakramakalpanāmiti tattvakramasya ātmavidyāśivākhyasya parikalpanāṁ paricchedamathākṣagaṇamityantarbahiṣkaraṇarūpamindriyasamūhaṁ ca — Iti antarbodhe madhyamaprāṇaśaktyakṣasūtrabhūtāyāṁ svasaṁvittau nādabindupravāhakrameṇa yatparivartayati araghaṭṭaghaṭīyantravatpratiprāṇavikṣepasṛṣṭisthitisaṁhārakrameṇa sarvametatsvasaṁvittau paribhramayati pratikṣaṇaṁ nādātmanā parāmṛśati — Iti yāvat| Sa eva pūrṇāhantāviśrāntilakṣaṇo'kṛtrimo'sya japaḥ| Ayamāśayaḥ — Japaḥ kila vācyarūpāyā devatāyā vācakasya mantrasyoccāraḥ sa cākṣamālayā prāṇaśaktivyāptikayākṣaparivartanakrameṇa saṅkhyeyaḥ| Paramādvayayoginastu svā prāṇaśaktistantubhūtā madhyamaprāṇe pravāhakrameṇa nadantī svarasoditā sarvākṣakroḍīkāreṇa sahajaivākṣamālocyate yataḥ sarvamidaṁ vācyaṁ ṣaṭtriṁśattattvātmakaṁ viśvaṁ prāṇaśaktāveva pratiṣṭhitaṁ sat pratiprāṇavikṣepamudayavyayakrameṇa parāsvabhāvā bhagavatī prāṇasvarūpamāśritya vimṛśantī pratiprāṇaspandamavadhānavato yogino japamakṛtrimaṁ sādhayati| Atra japasaṅkhyā

Ekaviṁśatsahasrāṇi ṣaṭśatāni divāniśam|
Japo devyāḥ samuddiṣṭaḥ sulabho durlabho jaḍaiḥ||

Iti śaivopaniṣadi| Śivasūtreṣu

Kathā japaḥ|

Iti| Evameṣa vandyacaraṇānāmavadhānavatāmeva gocaraḥ — Iti||78||

"E (ca) de que tipo (kīdṛśaḥ) é (syāt) seu (asya) murmúrio do Mantra (japaḥ... iti)? --E a que se assemelha o seu murmúrio do Mantra?--". (Abhinavagupta) disse (āha):


(O Conhecedor do Ser --o grande Yogī-- faz com que) toda (samastām) a série (āvalīm) de mundos (bhuvana), a divisão precisa (denominada "ātma-vidyā-śiva") (kalpanām) da sucessão (krama) de categorias (tattva), e (atha) o conjunto (gaṇam) de Poderes compostos de Antaḥkaraṇa --intelecto, ego e mente-- e Bahiṣkaraṇa --Poderes de percepção e ação-- (akṣa) rode (tal como as contas de um rosário) (parivartayati ca yad) na Consciência interna (antar-bodhe). Diz-se que (uditaḥ) esse (saḥ) (é) seu (asya) murmúrio do Mantra (japaḥ)||78||


Um ato de dar-se conta ou uma experiência (pratyavamarśaḥ) de que (yaḥ) o universo (viśvasya) é a Mais Alta consciência do Eu (parā-ahantā), em completa unidade (abhedena) a cada momento (pratikṣaṇam) por meio do método (krameṇa) de que se falará mais tarde (vakṣyamāṇena)... diz-se que (uditaḥ) isso mesmo (saḥ ayam) (é) seu --do Conhecedor do Ser-- (asya) "japa" ou murmúrio do Mantra (japaḥ), e declara-se que (tal "japa") é (kathitaḥ) natural (akṛtrimatvena).

O que (kaḥ) (é) isso (asau... iti)? (Abhinavagupta) disse (āha): "bhuvanāvalīṁ samastām" --lit. toda a série de mundos-- (bhuvana-āvalīm samastām), (ou seja,) a série (paṅktim) inteira (niḥśeṣām) de recintos (prākāra), cujo número se estima em (saṅkhyātām) duzentos e quarenta (catvāriṁśat-uttara-śatadvaya), que residem (antar-vartinīm) na coleção (samūha) de trinta e seis (ṣaṭ-triṁśat) tattva-s ou categorias (tattva). Da mesma forma (tathā), (Abhinavagupta disse, adicionalmente:) "tattvakramakalpanām" (tattva-krama-kalpanām iti), isto é, a "parikalpanā" (parikalpanām) (ou) divisão precisa (paricchedam) conhecida como (ākhyasya) "ātmavidyāśiva" (ātma-vidyā-śiva) do "tattvakrama" --lit. a successão de tattva-s ou categorias-- (tattva-kramasya) --ātmatattva-s incluem as categorias 13 a 36, os vidyātattva-s contêm as categorias 6 a 12 e, finalmente, os śivatattva-s consistem nas categorias 1 a 5--. (Depois disso, Abhinavagupta falou sobre) "athākṣagaṇam" (atha-akṣa-gaṇam), (que significa) "e (ca) ao conjunto (samūham) de Indriya-s ou Poderes --comumente traduzidos como "sentidos", mas isso não é completamente exato nesse contexto-- (indriya) compostos de (rūpam) 'Antaḥkaraṇa' --o "órgão (psíquico) interno" que consiste em intelecto, ego e mente (tattva-s 14 a 16)-- (antar... karaṇa)" (junto com) 'Bahiṣkaraṇa' -- o "órgão externo" constituído por Jñānendriya-s ou Poderes de percepção e Karmendriya-s ou Poderes de ação (categorias 17 a 26)-- (bahis-karaṇa... iti)". (Posteriormente, Abhinavagupta expressou:) "antarbodhe" --lit. na Consciência interna-- (antar-bodhe), (em outras palavras,) na própria Consciência (sva-saṁvittau), que é (bhūtāyām) um rosário (akṣasūtra) da "Prāṇaśakti" (prāṇa-śakti) média (madhyama) que aparece na forma de (krameṇa) um fluxo contínuo (pravāha) de Nāda e Bindu --Som e Luz divinos-- (nāda-bindu). (Em seguida, Abhinavagupta disse:) "parivartayati ca yat" --lit. ele faz com que o qual (isto é, tudo o que foi descrito antes, a saber, toda a série de mundos, a divisão precisa denominada "ātma-vidyā-śiva" da sucessão de categorias, junto com intelecto, ego, mente, Poderes de percepção e Poderes de ação) rode (como as contas de um rosário)-- (yad parivartayati), (isto é,) faz com que tudo isso gire (sarvam etad... paribhramayati) em sua própria Consciência (sva-saṁvittau) seguindo a ordem (krameṇa) de manifestação (sṛṣṭi), sustentação (sthiti) (e) dissolução (saṁhāra) com cada (prati) movimento para cima e para baixo (vikṣepa) da energia vital (ao longo do canal Suṣumnā localizado dentro de sua coluna vertebral) (prāṇa) como (se fosse) (vat) uma roda de água (ghaṭīyantra) (extraindo água) de um poço (araghaṭṭa). (E) ele se torna consciente --experimenta-- (parāmṛśati) (todo esse processo) a cada momento (prati-kṣaṇam) na forma de Nāda --Som divino-- (nāda-ātmanā). Este é o sentido (da estrofe) (iti yāvat).

Esse (saḥ) (é) certamente (eva) seu (asya) murmúrio do Mantra (japaḥ), o qual é natural (akṛtrimaḥ) (e) se caracteriza por (lakṣaṇaḥ) um descanso ou repouso (viśrānti) na Completa e Perfeita (pūrṇa) consciência do Eu (ahantā).

Este (ayam) (é então) o significado (da estrofe) (āśayaḥ): O japa --lit. murmúrio do Mantra-- (japaḥ) (é) verdadeiramente (kila) a pronúncia (uccāraḥ) do Mantra (mantrasya), (e o Mantra é) aquilo que denota (vācakasya) a deidade (devatāyāḥ) cuja natureza (rūpāyāḥ) está sendo denotada (vācya). Esse (japa) (saḥ ca) deve ser considerado (saṅkhyeyaḥ) como a gradual (krameṇa) rotação (parivartana) das contas (akṣa) (simbolizadas) pela penetração (vyāptikayā) da "Prāṇaśakti" (movendo-se para cima e para baixo através da Suṣumnā, dentro da coluna vertebral) (prāṇa-śakti) —a qual toma a forma de um rosário (akṣa-mālayā)—.

(Além disso,) a própria (svā) "Prāṇaśakti" (prāṇa-śaktiḥ) do Yogī (yoginaḥ) (repleto de) supremo (parama) não-dualismo (advaya... tu) é dita ser (ucyate) um rosário (akṣa-mālā) natural (sahajā eva) (, pois) Ela é (bhūtā) (como) um fio (tantu) que, após surgir (uditā) a partir da seiva (rasa) do Ser (sva), soa (nadantī) na forma de (krameṇa) um fluxo contínuo (pravāha) no canal médio --em Suṣumnā-- (madhyama-prāṇe), abraçando (kroḍī-kāreṇa) todos (sarva) os "akṣa-s" --os Poderes compostos de Antaḥkaraṇa (intelecto, ego e mente) e Bahiṣkaraṇa (Poderes de percepção e Poderes de ação)-- (akṣa). Porque (yatas) todo (sarvam) este (idam) universo (viśvam) que consiste em (ātmakam) trinta e seis (ṣaṭ-triṁśat) categorias (tattva) (, e) é "vācya" ou denotado (vācyam), está (sat) estabelecido (pratiṣṭhitam) unicamente (eva) em "Prāṇaśakti" (prāṇaśaktau). Cada (prati) movimento (vikṣepam) da energia vital (prāṇa), aparecendo e desaparecendo --isto é, para cima e para baixo-- (udaya-vyaya-krameṇa), (é) a Senhora Suprema --Śakti, a Deusa-- (parā-svabhāvā bhagavatī) (que), assumindo (āśritya) a natureza (sva-rūpam) de "prāṇa" ou energia vital (prāṇa) --daí que se chame então "Prāṇaśakti"--, conscientemente (vimṛśantī) produz (sādhayati) o natural (akṛtrimam) "japa" ou murmúrio do Mantra (japam) no caso do Yogī atento (avadhānavataḥ yoginaḥ) a cada (prati) movimento (spandam) de (seu) "prāṇa" ou energia vital (prāṇa).

Com relação a esse (tema) (atra), o número (saṅkhyā) de murmúrios do Mantra (japa) (também foi descrito) no Vijñānabhairava --também conhecido como a Doutrina Secreta de Śiva-- (śaiva-upaniṣadi):

"Dia e noite (divāniśam) (este ser vivo o murmura) 21,600 (vezes) (ekaviṁśatsahasrāṇi ṣaṭśatāni). O murmúrio (japaḥ) da Deusa (devyāḥ) foi indicado (samuddiṣṭaḥ) como muito fácil (sulabhaḥ) (para os sábios, mas) difícil (durlabhaḥ) para os que não o são (jaḍaiḥ... iti)"||

(E,) nos Śivasūtra-s (śivasūtreṣu), (encontra-se:)

(Sua) conversa (kathā) (é) o murmúrio (de um Mantra ou oração) (japaḥ... iti).

Deste modo (evam), esta (eṣaḥ) (é) a esfera ou campo de ação (gocaraḥ) dos (Yogī-s) atentos (avadhānavatām eva), cujos pés (caraṇānām) são muito veneráveis (vandya... iti)||78||


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 Informação adicional

Gabriel Pradīpaka

Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.

Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.



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