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 O Paramārthasāra (Paramarthasara) de Abhinavagupta: Estrofes 59 a 62 - Shaivismo Não-dual da Caxemira

Tradução normal


 Introdução

O Paramārthasāra continua com mais quatro estrofes. Esse é o décimo quinto conjunto de estrofes, que é composto de 4 das 105 estrofes que constituem a obra como um todo.

Obviamente, também inserirei as estrofes originais sobre as quais Yogarāja está comentando. Escreverei várias notas para que esse livro fique tão compreensível quanto possível.

O Sânscrito de Yogarāja estará em verde escuro, enquanto as estrofes originais de Abhinavagupta serão exibidas em vermelho escuro. Por sua vez, dentro da transliteração, as estrofes originais estarão em marrom, enquanto os comentários de Yogarāja serão mostrados em preto. Além disso, dentro da tradução, as estrofes originais de Abhinavagupta, isto é, o Paramārthasāra, estarão nas cores verde e preto, enquanto o comentário de Yogarāja conterá palavras tanto em preto quanto em vermelho.

Leia o Paramārthasāra e experimente Supremo Ānanda ou Divina Alegria, querido Śiva.

Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


Ao início


 Estrofe 59

नापि स्वात्ममहेश्वरस्वरूपपरिशीलनदार्ढ्यादस्य ज्ञानिनश्चेतस्यपूर्णत्वादिदोषः स्यादिति प्रतिपादयति


अतिगूढहृदयगञ्जप्ररूढपरमार्थरत्नसञ्चयतः।
अहमेवेति महेश्वरभावे का दुर्गतिः कस्य॥५९॥


अतिगूढमतिशयेन गुप्तं हृदयमेव गञ्जं सर्वपरमार्थस्वस्वरूपविश्रान्तिस्थानस्वभावं भाण्डागारं तत्र योऽतितीव्रतमसमाश्वासप्ररूढः परमार्थः सद्गुरूपदिष्टः स्वात्मज्ञानसतत्त्वः स एव सर्वविभूतिहेतुत्वाद्रत्नसञ्चय इव रत्नसञ्चयस्तेन हेतुना अहमेवेति सर्वमिदमस्मीति य आविर्भूतः पूर्णः पराहन्ताविश्रान्तिलक्षणो महेश्वरभावः शरीरिणोऽपि स्वात्मप्रकाशस्वातन्त्र्यं तस्मिन्स्थिते सति का नाम वराकी दुर्गतिर्दरिद्रभावस्तदुपलक्षितो वा कश्चित्कृत्रिमो विभूत्याद्यतिशयः स्यात्। आभाससारा हि सर्वे पदार्था यदैवाभासन्ते तदैव योगिनः स्वात्मकल्पाः सन्तः कथमुत्कर्षापकर्षादौ प्रगल्भन्ते — इति न किञ्चिद्दौर्गत्यादिकं भवेत्। कस्य वेति को वास्या दुर्गतेः समाश्रयो देहाद्यात्माभिमानिनो ह्यस्या दुर्गतेः समाश्रया भवन्तु यतस्ते व्यतिरिक्तस्यैषणीयस्य प्राप्त्येश्वरास्तदपहाराद्रिक्ताः — इति। यः पुनरकृत्रिमाहन्ताप्रत्यवमर्शपरमार्थो ज्ञानी सर्वमस्मीत्यव्यतिरिक्तेनैषणीयेन महेश्वरः स कथं व्यतिरिक्तप्राप्त्यप्राप्त्यभावाद्दौर्गत्यादेर्भाजनं स्यादत एव गञ्जशब्दस्य रत्नसञ्चयशब्दस्येश्वरशब्दस्य च हृदयप्ररूढपरमार्थो महान् — इत्यकृत्रिमार्थवाचकानि विशेषणान्युपपादितानि॥५९॥

Nāpi svātmamaheśvarasvarūpapariśīlanadārḍhyādasya jñāninaścetasyapūrṇatvādidoṣaḥ syāditi pratipādayati


Atigūḍhahṛdayagañjaprarūḍhaparamārtharatnasañcayataḥ|
Ahameveti maheśvarabhāve kā durgatiḥ kasya||59||


Atigūḍhamatiśayena guptaṁ hṛdayameva gañjaṁ sarvaparamārthasvasvarūpaviśrāntisthānasvabhāvaṁ bhāṇḍāgāraṁ tatra yo'titīvratamasamāśvāsaprarūḍhaḥ paramārthaḥ sadgurūpadiṣṭaḥ svātmajñānasatattvaḥ sa eva sarvavibhūtihetutvādratnasañcaya iva ratnasañcayastena hetunā ahameveti sarvamidamasmīti ya āvirbhūtaḥ pūrṇaḥ parāhantāviśrāntilakṣaṇo maheśvarabhāvaḥ śarīriṇo'pi svātmaprakāśasvātantryaṁ tasminsthite sati kā nāma varākī durgatirdaridrabhāvastadupalakṣito vā kaścitkṛtrimo vibhūtyādyatiśayaḥ syāt| Ābhāsasārā hi sarve padārthā yadaivābhāsante tadaiva yoginaḥ svātmakalpāḥ santaḥ kathamutkarṣāpakarṣādau pragalbhante — Iti na kiñciddaurgatyādikaṁ bhavet| Kasya veti ko vāsyā durgateḥ samāśrayo dehādyātmābhimānino hyasyā durgateḥ samāśrayā bhavantu yataste vyatiriktasyaiṣaṇīyasya prāptyeśvarāstadapahārādriktāḥ — Iti| Yaḥ punarakṛtrimāhantāpratyavamarśaparamārtho jñānī sarvamasmītyavyatiriktenaiṣaṇīyena maheśvaraḥ sa kathaṁ vyatiriktaprāptyaprāptyabhāvāddaurgatyāderbhājanaṁ syādata eva gañjaśabdasya ratnasañcayaśabdasyeśvaraśabdasya ca hṛdayaprarūḍhaparamārtho mahān — Ityakṛtrimārthavācakāni viśeṣaṇānyupapāditāni||59||

Não (na api) existe (syāt) nenhum defeito ou deficiência (doṣaḥ) (tal como) falta de Plenitude --imperfeição-- (apūrṇatva), etc. (ādi) na mente (cetasi) deste (asya) conhecedor do Ser (jñāninaḥ) devido à firmeza (dārḍhyāt) do contato (pariśīlana) com a natureza essencial (sva-rūpa) do Grande Senhor (mahā-īśvara), que é o próprio (sva) Ser (ātma). (Abhinavagupta) explica (pratipādayati) assim (iti) (na estrofe 59:)


No Estado (bhāve) do Grande (mahā) Senhor (īśvara) (na forma de) "Eu" (aham eva iti), adquirido por meio do conjunto (sañcayataḥ) de joias (ratna) (conhecido como) a Mais Alta Verdade (parama-artha) que surge a partir da (prarūḍha) bem escondida (ati-gūḍha) tesouraria --lugar onde se guardam joias-- (gañja) do Coração --Consciência em Liberdade Absoluta-- (hṛdaya), que (kā) pobreza (durgatiḥ) (poderia haver?. E, mesmo se houvesse tal pobreza,) de quem (kasya) (seria)?||59||


(A porção "hṛdayagañja" do composto inicial significa) o "gañja" (gañja) (conhecido como) o Coração (hṛdayam eva), (isto é,) a tesouraria --lugar onde se guardam joias-- (bhāṇḍāgāram) que é (sva-bhāvam) o lugar de repouso (viśrānti-sthāna) de Tudo (sarva) na Sua (sva) natureza essencial (sva-rūpa), que é a Mais Alta (parama) Realidade (artha). (E, por "atigūḍha", Abhinavagupta quis dizer que essa tesouraria chamada o Coração está) muito bem (ati) escondida (gūḍha), (ou seja,) muito (atiśayena) protegida (guptam). Isso (saḥ eva) que (yaḥ) (é) "Paramārtha" ou a Mais Alta Verdade (parama-arthaḥ), que surge a partir do (prarūḍhaḥ) maior grau (ati-tīvratama) de confiança (samāśvāsa) Nele --na bem escondida tesouraria denominada o Coração-- (tatra) (e) cuja verdadeira natureza (satattvaḥ) é Conhecimento (jñāna) do próprio (sva) Ser (ātma) tal como é ensinado (upadiṣṭaḥ) pelo Guru (guru) genuíno (sat), (é) "ratnasañcaya" (ratna-sañcayaḥ) (ou) como (iva) um conjunto (sañcayaḥ) de joias (ratna), já que é a causa (hetutvāt) de todos (sarva) os poderes (vibhūti). Devido a esse (conjunto de joias) (tena hetunā), o Estado (bhāvaḥ) do Grande Senhor (mahā-īśvara), o qual --o Estado-- (yaḥ) é Pleno (pūrṇaḥ) (e) caracterizado por (lakṣaṇaḥ) um repouso (viśrānti) na Mais Alta (parā) consciência do Eu (ahantā), se manifesta (āvirbhūtaḥ) (na forma de) "Eu" (aham eva iti), (ou seja,) "Eu sou (asmi) tudo (sarvam) isto (idam... iti)". (Quando isso acontece, há) Svātantrya ou Liberdade Absoluta (svātantryam) da Luz (prakāśa) do próprio (sva) Ser (ātma), inclusive (api) no caso de um ser encarnado (śarīriṇaḥ). Quando (tal ser encarnado) permanece (sthite sati) nesse (Estado) (tasmin), então qual (kā nāma) miserável (varākī) "durgati" (durgatiḥ) —pobreza (daridra-bhāvaḥ)(sobreviria a ele)?, ou (vā) (como) poderia haver (syāt) alguma (kaścid) proeminência ou superioridade (atiśayaḥ) artificial (kṛtrimaḥ) em relação a poderes (vibhūti), etc. (ādi) que seja percebida (upalakṣita) por ele (tad)? --tal pessoa libertada não pode perceber a ninguém que seja superior a ele, porque se deu conta da realidade. Esse é o significado--.

Porque (hi), quando (yadā eva) todos (sarve) os objetos (padārthāḥ) parecem (ābhāsante) possuidores da (Sua) Luz (ābhāsa) como sua quintessência (sārāḥ), então (tadā eva), por serem (santaḥ) iguais a (kalpāḥ) seu próprio (sva) Ser (ātma) no caso do Yogī (yoginaḥ), como (katham) (esses objetos) são capazes de (pragalbhante) (producir a sua) elevação (utkarṣa), (sua) decadência (apakarṣa), etc. (ādau)? Dessa forma (iti), nada (na kiñcid) se torna (bhavet) pobreza (daurgatya), etc. (ādikam) (no seu caso).

"De quem possivelmente (seria) (kasya vā iti)?", (em suma,) quem possivelmente (kaḥ vā) (seria) o lugar de refúgio (samāśrayaḥ) dessa pobreza (asyāḥ durgateḥ)? (Que) os que realmente pensam (abhimāninaḥ) que o corpo (deha), etc. (ādi) é o Ser (ātma) se convertam em (bhavantu) lugares de refúgio (samāśrayāḥ) dessa pobreza (asyāḥ durgateḥ)! Porque (yatas) eles (te) (se sentem) senhores (īśvarāḥ) ao obter (prāptyā) o que é desejável (eṣaṇīyasya) (mas parece) separado (deles mesmos) (vyatiriktasya) --isto é, meros objetos de desejo que se buscam em dualidade-- (e se sentem) vazios (riktāḥ) quando (esses objetos de desejo) são roubados (apahārāt... iti). No entanto (punar), o conhecedor do Ser (jñānī) que (yaḥ) se deu conta da Mais Alta Verdade (parama-arthaḥ) mediante um reconhecimento (pratyavamarśa) da natural (akṛtrima) consciência do Eu (ahantā) (sente que ele é) o Grande Senhor (mahā-īśvaraḥ) (que aparece) como o que é desejável --como objetos de desejo-- (eṣaṇīyena), (mas eles) não (estão) separados (dele) (avyatiriktena). (Sua experiência é então:) "Sou (asmi) tudo (sarvam... iti)". (Sendo assim,) como (katham), na ausência (abhāvāt) dos atos de obter (prāpti) (e) não obter (aprāpti) objetos de desejo que estão separados (vyatirikta), ele poderia ser (saḥ... syāt) um receptáculo (bhājanam) de pobreza, etc. (daurgatya-ādeḥ)? Por essa mesma razão (atas eva), no caso das palavra(s) (śabdasya... śabdasya... śabdasya) "tesouraria" (gañja), "coleção de joias" (ratna-sañcaya) e (ca) "Senhor" (īśvara), provou-se que elas atuam (upapāditāni) como "viśeṣaṇa-s" ou "diferenciadores" --palavras que particularizam ou definem outras palavras-- (viśeṣaṇāni) que denotam (vācakāni) o Natural (akṛtrima) Artha --Verdade, Realidade, Meta, Riqueza-- (artha) (que aparece na forma do) "Grande (mahān) Paramārtha --a Mais Alta Verdade-- (parama-arthaḥ) que surge a partir (prarūḍha) do Coração (hṛdaya... iti)"||59||


Ainda sem notas explicativas

Ao início


 Estrofe 60

इदानीं मोक्षस्वरूपमाह


मोक्षस्य नैव किञ्चिद्धामास्ति न चापि गमनमन्यत्र।
अज्ञानग्रन्थिभिदा स्वशक्त्यभिव्यक्तता मोक्षः॥६०॥


मोक्षस्य पराहन्ताचमत्कारसारस्य कैवल्यस्य धाम व्यतिरिक्तं स्थानं न विद्यत एव देशकालाकारावच्छेदाभावादत एव न चाप्यन्यत्र कुत्रचिद्व्यतिरिक्ते गमनं लयो मोक्षो यथा भेदवादिनां मतेनोत्क्रान्त्या चक्राधारादिभेदनादूर्ध्वं द्वादशान्ते लयः — एषैव मुक्तिः — इति। यदुक्तम्

व्यापिन्यां शिवसत्तायामुत्क्रान्त्या किं प्रयोजनम्।
अव्यापिनि परे तत्त्वे ह्युत्क्रान्त्या किं प्रयोजनम्॥

इति। एवंविधा अप्यन्ये तीर्थान्तरपरिकल्पिता बहवो मोक्षभेदाः सन्ति ते प्रतन्यमाना ग्रन्थगौरवभयमानयन्ति — इति नेह प्रतन्यन्ते — इति सर्वत्र द्वैतमलस्य सम्भवादमोक्षे मोक्षलिप्सा मोक्षाभास एव। किं पुनर्मोक्षलक्षणम् — इत्याह अज्ञान इत्यादि। अज्ञानमख्यातिजनित आत्मन्यनात्माभिमानपूर्वोऽनात्मनि देहादावात्माभिमानलक्षणो मोहः स एव पूर्णस्वरूपसङ्कोचदायित्वाद्ग्रन्थिरिव ग्रन्थिः स्वस्वातन्त्र्यलक्षणस्य निजस्य व्यापित्वादेर्देहाद्यभिमानतया बन्धस्तस्य भिद्भेदनं निजपूर्णस्वात्मस्वातन्त्र्यपरिशीलनदार्ढ्याद्देहाद्यभिमानलक्षणस्य ग्रन्थेर्विदारणं तेन हेतुना स्वशक्तिभिः स्वात्मस्वातन्त्र्यलक्षणैर्धर्मैरभिव्यक्तता स्वात्मशक्तिविकस्वरतैष एव निरतिशयो मोक्ष इति। अयमाशयः — यथा सहजनित्यव्यापकत्वादिधर्मयुक्तमाकाशमपि घटादिभित्तिबन्धसङ्कुचितं तत एव तदेवाव्यापकत्वादिधर्मयुक्तं घटाकाशम् — इत्युच्यत आकाशाद्भिन्नमिव प्रथते पुनरपि घटादिभित्तिकृतसङ्कोचभङ्गात्तदेव घटाद्याकाशं तदैव व्यापकत्वादिधर्मयुक्तं स्यान्न पुनस्तस्य घटादिभङ्गान्नूतनः कश्चिद्धर्माविर्भाव आयाति — इति। तथैव देहाद्यभिमानकृतसङ्कोचसङ्कुचितं चैतन्यं बद्धमिव — इत्युच्यते तदेव पुनः स्वस्वरूपज्ञानाभिव्यक्तेर्देहादिप्रमातृताबन्धसङ्क्षयात्स्वशक्तिविवेकविकस्वरं मुक्तमिव — इत्यभिमानमात्रसारौ परिमितप्रमात्रपेक्षया बन्धमोक्षौ न पुनः परमार्थे संवित्तत्त्व एवं किञ्चित्सम्भवति — इति। तस्मान्मुक्तौ नूतनं न किञ्चित्साध्यते निजमेव स्वरूपं प्रथते। एतदेव विष्णुधर्मेष्वप्युक्तम्

यथोदपानकरणात्क्रियते न जलाम्बरम्।
सदेव नीयते व्यक्तिमसतः सम्भवः कुतः॥
भिन्ने दृतौ यथा वायुर्नैवान्यः सह वायुना।
क्षीणपुण्याघबन्धस्तु तथात्मा ब्रह्मणा सह॥

इति॥६०॥

Idānīṁ mokṣasvarūpamāha


Mokṣasya naiva kiñciddhāmāsti na cāpi gamanamanyatra|
Ajñānagranthibhidā svaśaktyabhivyaktatā mokṣaḥ||60||


Mokṣasya parāhantācamatkārasārasya kaivalyasya dhāma vyatiriktaṁ sthānaṁ na vidyata eva deśakālākārāvacchedābhāvādata eva na cāpyanyatra kutracidvyatirikte gamanaṁ layo mokṣo yathā bhedavādināṁ matenotkrāntyā cakrādhārādibhedanādūrdhvaṁ dvādaśānte layaḥ — Eṣaiva muktiḥ — Iti| Yaduktam

Vyāpinyāṁ śivasattāyāmutkrāntyā kiṁ prayojanam|
Avyāpini pare tattve hyutkrāntyā kiṁ prayojanam||

Iti| Evaṁvidhā apyanye tīrthāntaraparikalpitā bahavo mokṣabhedāḥ santi te pratanyamānā granthagauravabhayamānayanti — Iti neha pratanyante — Iti sarvatra dvaitamalasya sambhavādamokṣe mokṣalipsā mokṣābhāsa eva| Kiṁ punarmokṣalakṣaṇam — Ityāha ajñāna ityādi| Ajñānamakhyātijanita ātmanyanātmābhimānapūrvo'nātmani dehādāvātmābhimānalakṣaṇo mohaḥ sa eva pūrṇasvarūpasaṅkocadāyitvādgranthiriva granthiḥ svasvātantryalakṣaṇasya nijasya vyāpitvāderdehādyabhimānatayā bandhastasya bhidbhedanaṁ nijapūrṇasvātmasvātantryapariśīlanadārḍhyāddehādyabhimānalakṣaṇasya granthervidāraṇaṁ tena hetunā svaśaktibhiḥ svātmasvātantryalakṣaṇairdharmairabhivyaktatā svātmaśaktivikasvarataiṣa eva niratiśayo mokṣa iti| Ayamāśayaḥ — Yathā sahajanityavyāpakatvādidharmayuktamākāśamapi ghaṭādibhittibandhasaṅkucitaṁ tata eva tadevāvyāpakatvādidharmayuktaṁ ghaṭākāśam — Ityucyata ākāśādbhinnamiva prathate punarapi ghaṭādibhittikṛtasaṅkocabhaṅgāttadeva ghaṭādyākāśaṁ tadaiva vyāpakatvādidharmayuktaṁ syānna punastasya ghaṭādibhaṅgānnūtanaḥ kaściddharmāvirbhāva āyāti — Iti| Tathaiva dehādyabhimānakṛtasaṅkocasaṅkucitaṁ caitanyaṁ baddhamiva — Ityucyate tadeva punaḥ svasvarūpajñānābhivyakterdehādipramātṛtābandhasaṅkṣayātsvaśaktivivekavikasvaraṁ muktamiva — Ityabhimānamātrasārau parimitapramātrapekṣayā bandhamokṣau na punaḥ paramārthe saṁvittattva evaṁ kiñcitsambhavati — Iti| Tasmānmuktau nūtanaṁ na kiñcitsādhyate nijameva svarūpaṁ prathate| Etadeva viṣṇudharmeṣvapyuktam

Yathodapānakaraṇātkriyate na jalāmbaram|
Sadeva nīyate vyaktimasataḥ sambhavaḥ kutaḥ||
Bhinne dṛtau yathā vāyurnaivānyaḥ saha vāyunā|
Kṣīṇapuṇyāghabandhastu tathātmā brahmaṇā saha||

Iti||60||

Agora (idānīm), (Abhinavagupta) descreveu (āha) a natureza (sva-rūpam) da Libertação (mokṣa):


No caso da Libertação (mokṣasya), não existe nem (na eva kiñcid asti) uma moradia (dhāma), nem (na ca api) uma ida (gamanam) até outro lugar (anyatra). A Libertação (mokṣaḥ) (é simplesmente) a manifestação (abhivyaktatā) dos próprios (sva) Poderes (śakti) por meio da perfuração (bhidā) do nó (granthi) da ignorância (ajñāna)||60||


No caso da Libertação (mokṣasya), (isto é,) Kaivalya --lit. Isolamento-- (kaivalyasya), cuja essência (sārasya) é um Deleite (camatkāra) na Suprema (parā) consciência do Eu (ahantā), não há nenhuma (na vidyate eva) moradia (dhāma) (ou) lugar (sthānam) separado (vyatiriktam) devido à ausência (abhāvāt) da delimitação (avaccheda) por espaço (deśa), tempo (kāla) (e) forma (ākāra). Por essa mesma razão (atas eva), a Libertação (mokṣaḥ) não é (na api) uma ida (gamanam) até outro lugar (anyatra kutracid), (ou seja, não é) dissolução (layaḥ) em algo que está separado (de si mesmo) (vyatirikte) como, por exemplo (yathā), segundo a crença (matena) dos que seguem doutrinas dualistas (bheda-vādinām), a Libertação (muktiḥ) (seria) certamente (eva) isto (eṣā): "Uma dissolução (layaḥ) no ūrdhvadvādaśānta --o dvādaśānta superior-- (ūrdhvam dvādaśānte), passando além (do corpo) (utkrāntyā) após perfurar (bhedanāt) cakra-s (cakra), ādhāra-s (ādhāra), etc. (ādi.. iti)".

Como foi dito (yad uktam):

"Se o Ser de Śiva é onipresente (vyāpinyām śiva-sattāyām), qual (kim) (é) a utilidade (prayojanam) de passar além (do corpo) (utkrāntyā)? Se o Princípio Supremo não é onipresente (avyāpini pare tattve hi), qual (kim) (é) a utilidade (prayojanam) de passar além (do corpo) (utkrāntyā... iti)?".

Certamente existem (santi) inclusive (api) muitas (bahavaḥ) outras (anye) dessas (evaṁvidhāḥ) variedades (bhedāḥ) de Libertação (mokṣa) inventadas (parikalpitāḥ) por outros (antara) sistemas filosóficos (tīrtha), (mas) elas (te), por serem muito extensas (pratanyamānāḥ), implicam o perigo de (bhayam ānayanti iti) (produzir) um volumoso (gaurava) livro (grantha) --um livro com uma pesada argumentação--. (Consequentemente,) não são mostradas (na... pratanyante) aqui (iha). Dessa forma (iti), em um estado de não Libertação (amokṣe) por causa da existência (sambhavāt), em todos os lugares (sarvatra), da impureza (malasya) (conhecida como) dualidade (dvaita), o desejo de ganhar (lipsā) Libertação (mokṣa) (é) unicamente (eva) mera semelhança (ābhāsaḥ) de Libertação (mokṣa).

"Qual então (kim punar) (é) a característica (lakṣaṇam) da Libertação (mokṣa... iti)?" (Abhinavagupta) disse (na porção final da estrofe) (āha): "Ajñāna" (ajñāna), etc. (iti-ādi).

"Ajñāna" (ajñānam) (é) a Ilusão (mohaḥ) engendrada (janitaḥ) pela ignorância primordial --Āṇavamala-- (akhyāti) cuja marca --de tal Ilusão-- (lakṣaṇaḥ) é a concepção errônea (abhimāna) de que o não Ser (anātmani) —corpo, etc. (deha-ādau)— é o Ser (ātma) --isso é Bauddhājñāna ou ignorância intelectual--, que é precedida pela (pūrvaḥ) concepção errônea (abhimāna) de que o Ser (ātmani) é o não Ser (anātma) --isso é Pauruṣājñāna ou ignorância sobre o Ser--. Essa mesma (ajñāna ou ignorância) (saḥ eva) (é) "granthi" (granthiḥ) (ou) como (iva) um nó (granthiḥ) já que confere (dāyitvāt) limitação (saṅkoca) no que se refere à natureza essencial Plena --o próprio Ser, que é Pleno e Perfeito-- (pūrṇa-svarūpa), (ou seja, é) escravidão (bandhaḥ) que aparece como a concepção falsa (abhimānatayā) de ser o corpo (deha), etc. (ādi) no caso da onipresença, etc. (vyāpitva-ādeḥ) do próprio Ser (nijasya) caracterizado pela (lakṣaṇasya) Sua (sva) Liberdade Absoluta (svātantrya). A "bhid" (bhit) (ou) perfuração (bhedanam) desse (nó) (tasya) —levada a cabo tornando-se firmemente consciente da --lit. mediante firmeza de contato-- (pariśīlana-dārḍhyāt) Liberdade Absoluta (svātantrya) do próprio Ser (sva-ātma), que é inerentemente (nija) Pleno (pūrṇa)(é) a quebra (vidāraṇam) do nó (grantheḥ) marcado pela (lakṣaṇasya) concepção errônea (abhimāna) de ser o corpo (deha), etc. (ādi). Devido a isso (tena hetunā), a expansão (vikasvaratā) dos Poderes (śakti) do próprio Ser (sva-ātma) (é) a manifestação (de tais Poderes) (abhivyaktatā) mediante (esses mesmos) Poderes (śaktibhiḥ) que pertencem a você mesmo (sva), os quais têm o dharma ou qualidade (lakṣaṇaiḥ dharmaiḥ) (denominado) Liberdade Absoluta (svātantrya) do próprio Ser (sva-ātma). Somente (eva) isso (eṣaḥ) (é) Libertação (mokṣaḥ) incomparável (niratiśayaḥ... iti).

Esse (ayam) (é) o sentido (āśayaḥ) (da definição anterior de Libertação): Assim como (yathā) inclusive (api) o éter --espaço-- (ākāśam), (que é) dotado de (yuktam) qualidades (dharma) (tais como) ser natural (sahaja), (ser) eterno (nitya), a onipresença (vyāpakatva), etc. (ādi), quando limitado (saṅkucitam) por algo que (o) ata (bandha), (p. ex.:) as paredes (bhitti) de um recipiente (ghaṭa), etc. (ādi), diz-se então que ele é (tatas eva tad eva... ucyate) "o éter ou espaço (ākāśam) em um recipiente (ghaṭa... iti)", que possui (yuktam) qualidades (dharma) (tais como) não ser onipresente (avyāpakatva), etc. (ādi) (e) aparece (prathate) como se (iva) (fosse) diferente e separado (bhinnam) do éter ou espaço (fora desse recipiente) (ākāśāt)(e,) a partir da interrupção (bhaṅgāt) da limitação (saṅkoca) produzida (kṛta) pelas paredes (bhitti) do recipiente (ghaṭa), etc. (ādi), esse mesmo (tad eva) éter ou espaço (ākāśam) no recipiente (ghaṭa), etc. (ādi) é (syāt) então (tadā eva) novamente (punar api) dotado de (yuktam) qualidades (dharma) (tais como) onipresença (vyāpakatva), etc. (ādi)... entretanto (punar), com a quebra (bhaṅgāt) do recipiente (ghaṭa), etc. (ādi), nenhuma (na... kaścid) nova (nūtanaḥ) manifestação (āvirbhāvaḥ) de qualidades (dharma) vem (āyāti) a ele --ao éter ou espaço-- (tasya... iti)—; da mesma maneira (tathā eva), diz-se que (ucyate) a Consciência em Liberdade Absoluta (caitanyam) (está) "atada (baddham iva... iti)" quando está contraída (saṅkucita) pela limitação (saṅkoca) produzida (kṛta) pela concepção errônea (abhimāna) de ser o corpo (deha) etc. (ādi). Mas (punar) essa mesma (Consciência em Liberdade Absoluta) (tad eva) (parece) estar libertada (muktam iva) quando está expandida (vikasvara) através do discernimento ou discriminação (viveka) dos próprios (sva) Poderes (śakti) devido à manifestação (abhivyakteḥ) do Conhecimento (jñāna) da Sua própria (sva) natureza essencial (sva-rūpa) ao sobrevir a total destruição (saṅkṣayāt) da escravidão (bandha) (na forma de) subjetividade (pramātṛtā) baseada no corpo (deha), etc. (ādi). Dessa forma (iti), escravidão e Libertação (bandha-mokṣau) com relação ao (apekṣayā) indivíduo (pramātṛ) limitado (parimita) consistem predominantemente (sārau) apenas (mātra) em falsas concepções (abhimāna). No entanto (punar), "nada disso --escravidão ou Libertação-- (na... evam kiñcid) ocorre à (sambhavati) Mais Alta Realidade (parama-arthe), cuja essência é Consciência Pura (saṁvid-tattvaḥ... iti)".

Portanto (tasmāt), nada (na kiñcid) novo (nūtanam) é realizado ou conseguido (sādhyate) em Libertação (muktau); a própria (nijam) natureza essencial (sva-rūpam) simplesmente (eva) aparece (prathate).

Essa mesma (verdade) (tad eva) também é declarada (api uktam) nos versos do Viṣṇudharmapurāṇa (viṣṇu-dharmeṣu):

"Da mesma forma que (yathā), através dos atos de fazer (karaṇāt) um poço (udapāna), o éter o espaço (ambaram) (que contém a) água (jala) não é feito (kriyate). Apenas (eva) algo que realmente existe (sat) é conduzido à (nīyate) (sua) manifestação (vyaktim), (pois) como (kutas) (poderia haver) manifestação (sambhavaḥ) (surgindo) a partir do que não é real (asataḥ)?

Assim como (yathā), quando um fole (dṛtau) se rompe (bhinne), o ar (dentro dele) (vāyuḥ) não (na eva) (se torna) outro (ar) (anyaḥ), (mas sim se torna um) com (saha) (o resto do) ar (vāyunā), da mesma forma (tathā), o ser (ātmā) no qual a escravidão (bandhaḥ) (em relação ao) que é virtuoso (puṇya) (e) pecaminoso (agha) foi certamente destruída (kṣīṇa... iti) (se torna um) com (saha) Brahma (brahmaṇā)".

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 Estrofe 61

एवं प्रक्षीणाज्ञानबन्धो ज्ञानी परानुग्रहार्थं शरीरमपि धारयन्मुक्तः — इत्यावेदयति


भिन्नाज्ञानग्रन्थिर्गतसन्देहः पराकृतभ्रान्तिः।
प्रक्षीणपुण्यपापो विग्रहयोगेऽप्यसौ मुक्तः॥६१॥


शरीरसम्बन्धेऽपि स्वात्मज्ञानविच्छरीराद्यभिमानाभावाज्जीवन्नपि मुक्तो विकस्वरशक्तिर्भवेत्। ननु विग्रहयोग एव बन्धः कथं तत्सम्बन्धेऽप्यसौ मुक्तः स्यात् — इत्याह भिन्न इत्यादि। भिन्नो विदारितोऽज्ञानरूपो ग्रन्थिरपूर्णत्वख्यातिसमुत्थो देहाद्यभिमानरूपो बन्धो येन स एवम्। तथा गतसन्देह इत्यत एव नष्टसंशयः। पराकृता न्यक्कृता परमाद्वयज्ञानलाभाद्भ्रान्तिर्द्वयरूपो भ्रमो येन स तथा — इति। एवं परिशीलनेन प्रक्षीणानि पुण्यापुण्यानि विगलितसंस्काराणि देहात्ममानित्वाभावाद्धर्माधर्माणि यस्य स एवंविधः — इति। अनेनाज्ञानमेव बन्ध इति प्रतिपादितम्। तच्च विग्रहयोगेऽपि यस्य प्रक्षीणं स तदैव जीवन्नेव मुक्तो न पुनः शरीरयोगो बन्धस्तदपगमो मुक्तिः — इति किं तु देहपातात्पूर्णो मोक्ष इति॥६१॥

Evaṁ prakṣīṇājñānabandho jñānī parānugrahārthaṁ śarīramapi dhārayanmuktaḥ — Ityāvedayati


Bhinnājñānagranthirgatasandehaḥ parākṛtabhrāntiḥ|
Prakṣīṇapuṇyapāpo vigrahayoge'pyasau muktaḥ||61||


Śarīrasambandhe'pi svātmajñānaviccharīrādyabhimānābhāvājjīvannapi mukto vikasvaraśaktirbhavet| Nanu vigrahayoga eva bandhaḥ kathaṁ tatsambandhe'pyasau muktaḥ syāt — Ityāha bhinna ityādi| Bhinno vidārito'jñānarūpo granthirapūrṇatvakhyātisamuttho dehādyabhimānarūpo bandho yena sa evam| Tathā gatasandeha ityata eva naṣṭasaṁśayaḥ| Parākṛtā nyakkṛtā paramādvayajñānalābhādbhrāntirdvayarūpo bhramo yena sa tathā — Iti| Evaṁ pariśīlanena prakṣīṇāni puṇyāpuṇyāni vigalitasaṁskārāṇi dehātmamānitvābhāvāddharmādharmāṇi yasya sa evaṁvidhaḥ — Iti| Anenājñānameva bandha iti pratipāditam| Tacca vigrahayoge'pi yasya prakṣīṇaṁ sa tadaiva jīvanneva mukto na punaḥ śarīrayogo bandhastadapagamo muktiḥ — Iti kiṁ tu dehapātātpūrṇo mokṣa iti||61||

Dessa maneira (evam), o conhecedor do Ser (jñānī) em quem a escravidão (bandhaḥ) da ignorância (ajñāna) foi aniquilada (prakṣīṇa), ainda (api) que esteja libertado (muktaḥ), mantém (dhārayan) um corpo físico (śarīram) para (outorgar) (artham) Graça (anugraha) a outros (para). É isso que (Abhinavagupta) informa (por meio da estrofe 61) (iti āvedayati):


Aquele (asau) que perfurou o nó da ignorância (bhinna-ajñāna-granthiḥ), cujas dúvidas (sandehaḥ) se foram (gata), no qual a confusão (bhrāntiḥ) é ignorada (parākṛta) (e) para o qual virtude (puṇya) (e) pecado (pāpaḥ) desapareceram (prakṣīṇa) (é) um libertado (muktaḥ), ainda que (api) (esteja) em conexão (yoge) com o corpo físico --a forma individual-- (vigraha)||61||


Aquele que possui Conhecimento (jñāna-vit) sobre o próprio (sva) Ser (ātma) ainda que (api) (esteja) em conexão (sambandhe) com o corpo físico (śarīra) (é) um libertado (muktaḥ) inclusive (api) enquanto (ainda) está vivo (jīvan) devido à ausência, (nele,) (abhāvāt) das errôneas concepções (abhimāna) sobre o corpo físico (śarīra), etc. (ādi), (ou seja,) ele é (bhavet) alguém cujos Poderes (śaktiḥ) estão expandidos (vikasvara).

Uma objeção (nanu): "A conexão (yogaḥ) com o corpo --a forma individual-- (vigraha) (é) certamente (eva) escravidão (bandhaḥ). Como (katham) ele (asau) está (syāt) libertado (muktaḥ) inclusive (api) enquanto permanece conectado (sambandhe) com esse (corpo) (tad... iti)?" (Para responder a essa pergunta, Abhinavagupta) disse (āha) "Bhinna" (bhinna), etc. (iti-ādi). (No seu caso,) o nó (granthiḥ) que consiste em (rūpaḥ) ignorância (ajñāna)(ou seja,) escravidão (bandhaḥ) baseada (rūpaḥ) na concepção errônea (abhimāna) de ser o corpo (deha), etc. (ādi) (e) derivada (samutthaḥ) da ausência de conhecimento (a... khyāti) sobre (a própria) Plenitude (pūrṇatva)— foi perfurado (bhinnaḥ) (ou) aberto à força (vidāritaḥ). Como resultado (yena), ele (saḥ) (é) assim (evam) --ou seja, ele é um libertado--.

Da mesma forma (tathā), ele é "alguém cujas dúvidas se foram" (gata-sandehaḥ iti) (e,) por essa razão (atas eva), (suas) dúvidas (saṁśayaḥ) desapareceram (naṣṭa).

(No seu caso,) a confusão (bhrāntiḥ) (ou) o erro (bhramaḥ) baseado (rūpaḥ) na dualidade (dvaya) é ignorado (parākṛtā) (ou) tratado com desprezo (nyakkṛtā) devido à obtenção (lābhāt) do Conhecimento (jñāna) do Supremo (parama) Não Dualismo (advaya). Como resultado (yena), ele (saḥ) (é) assim (tathā... iti) --isto é, ele é um libertado--.

Dessa forma (evam), ao tornar-se consciente do (seu Ser Real) --por meio de um contato com o próprio Ser-- (pariśīlanena), ele (saḥ) é de tal tipo (evaṁvidhaḥ), (isto é, um libertado,) cujo (yasya) dharma --o que deve ser feito-- e adharma --o que não deve ser feito-- (dharma-adharmāṇi) —virtudes e pecados (puṇya-apuṇyāni)— desapareceram (prakṣīṇāni). (Em uma palavra,) as impressões residuais (das suas virtudes e pecados) (saṁskārāṇi) desapareceram completamente (vigalita) devido à ausência (abhāvāt) do ato de pensar (mānitva) que ele mesmo (ātma) é o corpo (deha... iti).

Por meio desse (ensinamento) (anena), (a verdade de que) "A ignorância (ajñānam) (é) escravidão (bandhaḥ) certamente (eva... iti)" foi estabelecida e provada (pratipāditam).

Alguém (saḥ) em quem (yasya) essa (ignorância) (tad ca) foi destruída (prakṣīṇam), ainda que (api) (esteja) em conexão (yoge) com o corpo físico --a forma individual-- (vigraha), (é) então (tadā eva) um libertado (muktaḥ) em vida (jīvan eva). No entanto (punar), a conexão (yogaḥ) com o corpo físico (śarīra) não é (na) escravidão (bandhaḥ), nem é (na) a sua morte --a morte do corpo-- (tad-apagamaḥ) Libertação (muktiḥ... iti). Entretanto (kim tu), "a Libertação (mokṣaḥ) (é) Plena (pūrṇaḥ) depois da queda (pātāt) do corpo (deha... iti)"||61||


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 Estrofe 62

जीवन्मुक्तस्य कर्महेतौ शरीरे स्थितेऽपि शरीरयात्रामात्रार्थं ज्ञानेद्धं कुर्वाणस्य कर्म न फलाय तस्य भवति — इत्यत्रोपपत्तिमाह


अग्न्यभिदग्धं बीजं यथा प्ररोहासमर्थतामेति।
ज्ञानाग्निदग्धमेवं कर्म न जन्मप्रदं भवति॥६२॥


वह्निनिर्भृष्टं शालिबीजं क्षितिसलिलातपमध्यवर्त्यपि सामग्रीवैकल्याद्यथाङ्कुरादिजननेऽशक्ततां याति तथैव ज्ञानाग्निना दग्धं परमाद्वयबोधदीप्त्या प्लुष्टं कर्म यथाहमेवेत्थं विश्वात्मना स्फुरामि — इत्येवंरूपेण देहाद्यात्ममानित्वहानेर्हेयोपादेयबुद्धिपरित्यागेन यत्किञ्चिच्छुभाशुभं कर्म क्रियमाणं तद्दग्धवीर्यं न पुनर्ज्ञानिनः पिण्डपातादनन्तरं जन्मफलप्रदं भवति देहनिर्माणहेतुः सम्पद्यते दग्धं बीजमिवाङ्कुरे। तस्मान्न सर्वाहम्भावरूपायाश्चितिशक्तेरफलाभिसन्धानतया कृतं कर्म भूयो जन्म दातुं प्रभवतीति॥६२॥

Jīvanmuktasya karmahetau śarīre sthite'pi śarīrayātrāmātrārthaṁ jñāneddhaṁ kurvāṇasya karma na phalāya tasya bhavati — Ityatropapattimāha


Agnyabhidagdhaṁ bījaṁ yathā prarohāsamarthatāmeti|
Jñānāgnidagdhamevaṁ karma na janmapradaṁ bhavati||62||


Vahninirbhṛṣṭaṁ śālibījaṁ kṣitisalilātapamadhyavartyapi sāmagrīvaikalyādyathāṅkurādijanane'śaktatāṁ yāti tathaiva jñānāgninā dagdhaṁ paramādvayabodhadīptyā pluṣṭaṁ karma yathāhamevetthaṁ viśvātmanā sphurāmi — Ityevaṁrūpeṇa dehādyātmamānitvahānerheyopādeyabuddhiparityāgena yatkiñcicchubhāśubhaṁ karma kriyamāṇaṁ taddagdhavīryaṁ na punarjñāninaḥ piṇḍapātādanantaraṁ janmaphalapradaṁ bhavati dehanirmāṇahetuḥ sampadyate dagdhaṁ bījamivāṅkure| Tasmānna sarvāhambhāvarūpāyāścitiśakteraphalābhisandhānatayā kṛtaṁ karma bhūyo janma dātuṁ prabhavatīti||62||

Ainda que (api) o corpo (śarīre) de um libertado em vida (jīvat-muktasya) permaneça (sthite) (e) seja causa (hetau) de ações (karma), a ação (karma) do agente --o corpo físico-- (kurvāṇasya) não dá frutos (na phalāya... bhavati) para ele (tasya) (porque) a Luz (iddham) do Conhecimento (jñāna) (reside em tal pessoa) para (artham) unicamente (mātra) dar suporte vital (yātrā) ao (seu) corpo físico (śarīra... iti). (Abhinavagupta) apresentou argumentos (upapattim āha) com relação a este (assunto) (atra) (na estrofe 62):


Assim como (yathā) um grão ou semente (bījam) queimado (abhidagdham) pelo fogo (agni) não é capaz de (asamarthatām eti) germinar (praroha), similarmente (evam), o karma --a impressão residual de uma ação-- (karma) abrasado (dagdham) pelo Fogo (agni) do Conhecimento (jñāna) não é (na... bhavati) outorgador (pradam) de nascimento (janma)||62||


Assim como (yathā) um grão ou semente (bījam) de arroz (śāli) tostado (nirbhṛṣṭam) em um fogo (vahni) é incapaz (aśaktatām yāti) de produzir (janane) um broto (aṅkura), etc. (ādi) mesmo (api) se estiver no meio (madhya-varti) da terra (kṣiti), água (salila) (e) sol (ātapa) porque se vê privado de (vaikalyāt) todo o conjunto (de casca, farelo e gérmen) (sāmagrī), da mesma forma (tathā eva), o karma --a impressão residual de uma ação-- (karma) é queimado (dagdham) pelo Fogo (agninā) do Conhecimento (jñāna). (Em suma,) é queimado (pluṣṭam) pela Luz (dīptyā) do Conhecimento (bodha) do Supremo (parama) Não Dualismo (advaya) de modo que (yathā), depois da cessação (hāneḥ) do ato de pensar (mānitva) que ele mesmo (ātma) é o corpo (deha), etc. (ādi) (levada a cabo) abandonando completamente (parityāgena) no (seu) intelecto (buddhi) (os conceitos de) "aceitável (upādeya) (e) rejeitável (heya)" através de (experiências) tais como (evaṁrūpeṇa): "Eu Mesmo (aham eva) apareço brilhantemente (sphurāmi) desta maneira (ittham) como universo (viśva-ātmanā... iti)", qualquer (yad kiñcid) boa ou má (śubha-aśubham) ação (karma) realizada (kriyamāṇam) (por ele), ao ter o seu poder ou energia queimado (tad dagdha-vīryam), nunca mais (na punar) se torna (bhavati) outorgadora (pradam) do fruto (phalam) (denominado) um nascimento (janma) imediatamente depois (anantaram) da queda (pātāt) do corpo (piṇḍa) que pertence ao conhecedor do Ser (jñāninaḥ). (Em outras palavras, nunca mais) se torna (sampadyate) a causa (hetuḥ) no que diz respeito à criação (nirmāṇa) de um corpo (deha), assim como (iva) um grão ou semente (bījam) queimado (dagdha) (não se torna a causa) com relação à (criação de) um broto (aṅkure).

Por esse motivo (tasmāt), a ação (karma) que é realizada (kṛtam) sem apego ao (a... abhisandhānatayā) (seu) fruto (phala) por causa do Poder da Consciência (citi-śakteḥ), que aparece como (rūpāyāḥ) o Estado (bhāva) de "Eu (aham) (sou) tudo (sarva)", não pode (na... prabhavati) dar (dātum) um nascimento (janma) de novo (bhūyas... iti)||62||


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 Informação adicional

Gabriel Pradīpaka

Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.

Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.



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