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 O Paramārthasāra (Paramarthasara) de Abhinavagupta: Estrofes 55 a 58 - Shaivismo Não-dual da Caxemira

Tradução normal


 Introdução

O Paramārthasāra continua com mais quatro estrofes. Esse é o décimo quarto conjunto de estrofes, que é composto de 4 das 105 estrofes que constituem a obra como um todo.

Obviamente, também inserirei as estrofes originais sobre as quais Yogarāja está comentando. Escreverei várias notas para que esse livro fique tão compreensível quanto possível.

O Sânscrito de Yogarāja estará em verde escuro, enquanto as estrofes originais de Abhinavagupta serão exibidas em vermelho escuro. Por sua vez, dentro da transliteração, as estrofes originais estarão em marrom, enquanto os comentários de Yogarāja serão mostrados em preto. Além disso, dentro da tradução, as estrofes originais de Abhinavagupta, isto é, o Paramārthasāra, estarão nas cores verde e preto, enquanto o comentário de Yogarāja conterá palavras tanto em preto quanto em vermelho.

Leia o Paramārthasāra e experimente Supremo Ānanda ou Divina Alegria, querido Śiva.

Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


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 Estrofe 55

एवमविद्योपार्जितान्यपि कर्माणि ज्ञानाविर्भावादेव क्षीयन्ते नान्यथा — इत्याह


अज्ञानकालनिचितं धर्माधर्मात्मकं तु कर्मापि।
चिरसञ्चितमिव तूलं नश्यति विज्ञानदीप्तिवशात्॥५५॥


अज्ञानकाले कृत्रिमप्रमातृताभिमानावसरे पुण्यापुण्यरूपं कर्म अनुगुणफलप्रार्थनया यन् निचितं स्वीकृतं तद् विज्ञानदीप्तिवशाद्विशिष्टज्ञानदीप्तिवशाद्नश्यति अहमेव परं ब्रह्मेति कृत्रिमप्रमातृतादाहसमर्थं विज्ञानं तस्य या पौनःपुन्येन प्रत्यवमर्शनात्प्रभा तत्सामर्थ्यात्तद् अदर्शनं याति। किमिव — इत्याह चिरसञ्चितं तूलमिव यथा चिरसञ्चितं तूलं हंसरोम वह्निप्रदीप्तिवशाज्झटित्येव भस्मसाद्याति तथैव सर्वः कर्मफलप्रचयो विज्ञानवह्निसामर्थ्यात्क्षणमध्ये प्रलयमुपगच्छति — इति। गीतासु

यथैधांसि समिद्धोऽग्निर्भस्मसात्कुरुतेऽर्जुन।
ज्ञानाग्निः सर्वकर्माणि भस्मसात्कुरुते तथा॥

इति॥५५॥

Evamavidyopārjitānyapi karmāṇi jñānāvirbhāvādeva kṣīyante nānyathā — Ityāha


Ajñānakālanicitaṁ dharmādharmātmakaṁ tu karmāpi|
Cirasañcitamiva tūlaṁ naśyati vijñānadīptivaśāt||55||


Ajñānakāle kṛtrimapramātṛtābhimānāvasare puṇyāpuṇyarūpaṁ karma anuguṇaphalaprārthanayā yan nicitaṁ svīkṛtaṁ tad vijñānadīptivaśādviśiṣṭajñānadīptivaśādnaśyati ahameva paraṁ brahmeti kṛtrimapramātṛtādāhasamarthaṁ vijñānaṁ tasya yā paunaḥpunyena pratyavamarśanātprabhā tatsāmarthyāttad adarśanaṁ yāti| Kimiva — Ityāha cirasañcitaṁ tūlamiva yathā cirasañcitaṁ tūlaṁ haṁsaroma vahnipradīptivaśājjhaṭityeva bhasmasādyāti tathaiva sarvaḥ karmaphalapracayo vijñānavahnisāmarthyātkṣaṇamadhye pralayamupagacchati — Iti| Gītāsu

Yathaidhāṁsi samiddho'gnirbhasmasātkurute'rjuna|
Jñānāgniḥ sarvakarmāṇi bhasmasātkurute tathā||

Iti||55||

Dessa forma (evam), (na estrofe 55, Abhinavagupta) disse que (iti āha) inclusive (api) as impressões residuais (derivadas de ações) (karmāṇi) adquiridas (upārjitāni) na ignorância (avidyā) são certamente destruídas (eva kṣīyante) pela manifestação (āvirbhāvāt) do Conhecimento (jñāna). (Isso é assim e) não (na) de outra maneira (anyathā):


Inclusive (api) a impressão residual (derivada de ações) (karma) baseada (ātmakam) no que deve ser feito e no que não deve ser feito (dharma-adharma... tu) que foi acumulada (nicitam) durante o tempo (kāla) da ignorância (ajñāna) (simplesmente) desaparece (naśyati) pela força (vaśāt) da Luz (dīpti) do Conhecimento especial (vijñāna) assim como (iva) suaves penas de ganso (tūlam) amontoadas (sañcitam) por muito tempo (cira) (ficam instantaneamente reduzidas a cinzas por meio de um luminoso fogo)||55||


Essa (tad) impressão residual (karma) baseada em (rūpam) atos virtuosos e impuros (puṇya-apuṇya) que (yad), devido ao desejo de (prārthanayā) seus respectivos (anuguṇa) frutos (phala), foi acumulada (nicitam) (ou) apropriada (svīkṛtam) durante o tempo (kāle) da ignorância (ajñāna)(isto é,) no momento em que (avasare) (estava ativa) a concepção errônea (abhimāna) sobre a subjetividade (pramātṛtā) artificial (kṛtrima)(simplesmente) desaparece (naśyati) por causa da (vaśāt) Luz (dīpti) de Vijñāna (vijñāna), (isto é,) pela força (vaśāt) da Luz (dīpti) do Conhecimento (jñāna) especial (viśiṣṭa). (Esse) Conhecimento especial (vijñānam) (que aparece como a experiência de) "Eu (aham) Mesmo (eva) (sou) o Supremo (param) Brahma (brahma iti)" é capaz de (samartham) queimar (dāha) (essa) subjetividade (pramātṛtā) artificial (kṛtrima). Através da força (sāmarthyāt) do Esplendor (prabhā tad) que (yā) pertence a Isso --a Vijñāna ou Conhecimento especial-- (tasya), tornando-se repetidamente consciente de (paunaḥpunyena pratyavamarśanāt) (tal Verdade na forma de "Eu Mesmo sou o Supremo Brahma"), essa (impressão residual) (tad) desaparece (adarśanam yāti).

A que (kim) se assemelha (essa impressão residual derivada de ações) (iva)? (Abhinavagupta) disse (āha) assim (iti): "assim como (iva) suaves penas de ganso (tūlam) amontoadas (sañcitam) por muito tempo (cira)". Assim como (yathā) os "tūla(-s)" (tūlam) (ou as suaves) pena(s) (roma) de um ganso (haṁsa) empilhadas (sañcitam) por um longo tempo (cira) ficam instantaneamente reduzidas a cinzas (jhaṭiti eva bhasmasāt yāti) por meio de (vaśāt) um luminoso fogo (vahni-pradīpti), similarmente (tathā eva), todo (sarvaḥ) o acúmulo (pracayaḥ) de frutos (phala) derivados de karma-s --ações e suas respectivas impressões residuais-- (karma) é aniquilado (pralayam upagacchati) de uma vez (kṣaṇa-madhye) através da força (sāmarthyāt) do fogo (vahni) do Conhecimento especial (vijñāna... iti).

(Isso também é estabelecido) nos versos da Bhagavadgītā (gītāsu) (IV.37):

"Assim como (yathā) um fogo (agniḥ) aceso (samiddhaḥ) reduz lenha a cinzas (edhāṁsi... bhasmasāt kurute), oh Arjuna (arjuna), também (tathā) o fogo (agniḥ) do Conhecimento (jñāna) transforma em cinzas todas as ações (sarva-karmāṇi bhasmasāt kurute... iti)".

||55||


Ainda sem notas explicativas

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 Estrofe 56

न केवलं प्राक्कृतं कर्म ज्ञानप्रसादादुपलीयते यावदिदानीन्तनमपि कर्म ज्ञानेद्धया दृष्ट्या न फलोपभोगाय पर्यवस्यति — इत्याह


ज्ञानप्राप्तौ कृतमपि न फलाय ततोऽस्य जन्म कथम्।
गतजन्मबन्धयोगो भाति शिवार्कः स्वदीधितिभिः॥५६॥


आत्ममहेश्वरप्रत्यवमर्शप्ररूढौ कृतमपि शुभाशुभादिकं कर्म कृत्रिमप्रमातृताभिमानाभावान्नानुगुणफलदानाय प्रगल्भते — इति कर्मफलाभावात्तदुपभोगयोग्यस्य जन्मनः केन प्रकारेण सत्ता स्यान्न भवेद्योगिनः पुनर्जन्म — इत्यर्थः। ननु स पिण्डपातात्पुनर्न जायते चेत्तर्हि कीदृशः स्यात् — इत्याह गतजन्म इत्यादि। गतो जन्मरूपस्य बन्धस्य योगः सम्बन्धो यस्य स एवम् — इति प्रक्षीणमोहावरणः स्वदीधितिभिश्चिन्मरीचिनिचयैः स शिवरूपोऽर्को भाति स्फुरति न पुनस्तीर्थान्तरपरिकल्पितोऽस्य मोक्षः — कुत्रचित्प्राप्तिरिति केवलं मायादिकञ्चुककृतसङ्कोचविनाशात्स्वशक्तिविकस्वरतामापद्यते — इति॥५६॥

Na kevalaṁ prākkṛtaṁ karma jñānaprasādādupalīyate yāvadidānīntanamapi karma jñāneddhayā dṛṣṭyā na phalopabhogāya paryavasyati — Ityāha


Jñānaprāptau kṛtamapi na phalāya tato'sya janma katham|
Gatajanmabandhayogo bhāti śivārkaḥ svadīdhitibhiḥ||56||


Ātmamaheśvarapratyavamarśaprarūḍhau kṛtamapi śubhāśubhādikaṁ karma kṛtrimapramātṛtābhimānābhāvānnānuguṇaphaladānāya pragalbhate — Iti karmaphalābhāvāttadupabhogayogyasya janmanaḥ kena prakāreṇa sattā syānna bhavedyoginaḥ punarjanma — Ityarthaḥ| Nanu sa piṇḍapātātpunarna jāyate cettarhi kīdṛśaḥ syāt — Ityāha gatajanma ityādi| Gato janmarūpasya bandhasya yogaḥ sambandho yasya sa evam — Iti prakṣīṇamohāvaraṇaḥ svadīdhitibhiścinmarīcinicayaiḥ sa śivarūpo'rko bhāti sphurati na punastīrthāntaraparikalpito'sya mokṣaḥ — Kutracitprāptiriti kevalaṁ māyādikañcukakṛtasaṅkocavināśātsvaśaktivikasvaratāmāpadyate — Iti||56||

Não (na) somente (kevalam) a impressão residual (karma) que foi anteriormente (prāk) feita (kṛtam) é dissolvida (upalīyate) pelo Favor (prasādāt) do Conhecimento (jñāna), mas (yāvat) também (api) a impressão residual da ação (karma) que ocorre (idānīntanam) (é consumida) por esse ponto de vista (parecido com um fogo) (dṛṣṭyā) acendido (iddhayā) pelo Conhecimento (jñāna) (e, consequentemente,) não (na) dá como resultado (paryavasyati) o desfrute (upabhogāya) de (nenhum) fruto (phala). (Abhinavagupta) disse (āha) assim (iti) (na estrofe 56):


Ao obter (prāptau) o Conhecimento (jñāna), (a impressão residual da ação) que foi feita (antes) (kṛtam api) não (na) produz fruto (phalāya). Como (katham) então (tatas) (haveria) nascimento (janma) para este (Yogī) (asya)? (Semelhante Yogī) no qual desapareceu (gata) a conexão (yogaḥ) com a escravidão (bandha) (que consiste em) nascimento (janma) aparece brilhantemente (bhāti) como um Sol (arkaḥ) (cuja essência é) Śiva (śiva) dotado dos Seus raios (sva-dīdhitibhiḥ)||56||


Ao se dar conta de (pratyavamarśa-prarūḍhau) que o Grande (mahā) Senhor (īśvara) é você mesmo (ātma), a impressão residual da ação (karma) que foi feita (antes) (kṛtam api) —tenha ela sido boa (śubha), ruim (aśubha), etc. (ādika)— é incapaz (na... pragalbhate) de produzir (dānāya) os frutos (phala) correspondentes (anuguṇa) devido à ausência (abhāvāt) da concepção errônea (abhimāna) sobre a subjetividade (pramātṛtā) artificial (kṛtrima). Assim (iti), devido à ausência (abhāvāt) dos frutos (phala) das ações (karma), (então) como (kena prakāreṇa) haveria (syāt) a existência (sattā) de um nascimento (janmanaḥ) que seja apto (yogyasya) para desfrutar (upabhoga) desses (frutos) (tad)? (Portanto,) não há (na bhavet), para o Yogī (yoginaḥ), um nascimento (janma) outra vez (punar). Esse é o significado (iti arthaḥ).

Uma objeção (nanu): "Se (ced) ele (saḥ) não nasce (na jāyate) novamente (punar) após a queda (pātāt) do (seu) corpo (piṇḍa), então (tarhi), a que se assemelharia (essa experiência que ocorre após a sua morte) (kīdṛśaḥ syāt... iti)?". (Abhinavagupta) disse (āha) (na segunda porção da estrofe:) "Gatajanma", etc. (gata-janma iti-ādi).

(O composto atributivo "gatajanmabandhayogaḥ" indica que esse Yogī é) alguém (saḥ) cujo (yasya) yoga (yogaḥ) (ou) conexão (sambandhaḥ) com a escravidão (bandhasya) na forma de (rūpasya) nascimento (janma) desapareceu dessa forma (gataḥ... evam). Assim (iti), alguém (saḥ) no qual o véu (āvaraṇaḥ) da Ilusão --Māyā-- (moha) desapareceu (prakṣīṇa) aparece (bhāti) (ou) brilha (sphurati) como um Sol (arkaḥ) cuja essência é (rūpaḥ) Śiva (śiva) dotado de seus próprios raios (sva-dīdhitibhiḥ), (ou seja,) dotado da multidão (nicayaiḥ) de raios (marīci) da Consciência (cit). No entanto (punar), a sua (asya) Libertação (mokṣaḥ) não é (na) como a inventada (parikalpitaḥ) por outros (antara) sistemas filosóficos (tīrtha), (ou seja,) como sendo um objetivo (prāptiḥ) em algum outro lugar (kutracid) --no Céu, etc.--. Dessa forma (iti), (Libertação, no seu caso,) tem a ver apenas com a expansão (kevalam... vikasvaratām āpadyate) dos seus próprios (sva) Poderes (śakti), a qual é um resultado da aniquilação (vināśāt) das limitações (saṅkoca) geradas (kṛta) por envoltórios (kañcuka) tais como Māyā (māyā), etc. (ādi... iti)||56||


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 Estrofe 57

अत्रैव युक्तिमाह


तुषकम्बुककिंशारुकमुक्तं बीजं यथाङ्कुरं कुरुते।
नैव तथाणवमायाकर्मविमुक्तो भवाङ्कुरं ह्यात्मा॥५७॥


यथा किंशारुकतुषकम्बुकेभ्यः पृथक्कृतं शालिबीजं बीजस्वभावकिंशारुकादिसामग्र्यभावात्क्षितिजलातपमध्यवर्त्यपि नैवाङ्कुरजननलक्षणकार्ये हेतुर्भवति तथैव कम्बुकस्थानीयेन आणवेन मलेन तुषस्थानीयेन मायामलेन किंशारुकस्थानीयेन कार्ममलेन च मुक्तः पृथग्भूत आत्मा चैतन्यं मलत्रयरूपसामग्र्यभावान्न पुनर्भवाङ्कुरं संसारप्ररोहं विदधाति केवलं विश्वगतनानापदार्थसार्थप्रादुर्भावविनाशवैचित्र्यं स्वात्मनि परामृशन्महेश्वर एव भवति॥५७॥

Atraiva yuktimāha


Tuṣakambukakiṁśārukamuktaṁ bījaṁ yathāṅkuraṁ kurute|
Naiva tathāṇavamāyākarmavimukto bhavāṅkuraṁ hyātmā||57||


Yathā kiṁśārukatuṣakambukebhyaḥ pṛthakkṛtaṁ śālibījaṁ bījasvabhāvakiṁśārukādisāmagryabhāvātkṣitijalātapamadhyavartyapi naivāṅkurajananalakṣaṇakārye heturbhavati tathaiva kambukasthānīyena āṇavena malena tuṣasthānīyena māyāmalena kiṁśārukasthānīyena kārmamalena ca muktaḥ pṛthagbhūta ātmā caitanyaṁ malatrayarūpasāmagryabhāvānna punarbhavāṅkuraṁ saṁsāraprarohaṁ vidadhāti kevalaṁ viśvagatanānāpadārthasārthaprādurbhāvavināśavaicitryaṁ svātmani parāmṛśanmaheśvara eva bhavati||57||

Com relação a este tema --o discutido na estrofe anterior-- (atra eva), (Abhinavagupta) expressou (āha) (o seguinte) argumento (yuktim):


Assim como (yathā) um grão ou semente (bījam), ao ser separado (muktam) da (sua) casca (tuṣa), farelo (kambuka) (e) gérmen (kiṁśāruka), não produz (kurute) um broto (aṅkura), de maneira similar (tathā), o Ser (ātmā), quando se liberta completamente de (vimuktaḥ) Āṇavamala (āṇava), Māyīyamala (māyā) (e) Kārmamala (karma), não (na eva) (produz) o broto (aṅkuram) (conhecido como) Transmigração (bhava), certamente (hi)||57||


Assim como (yathā) um grão ou semente (bījam) de arroz (śāli), ao ser separado (pṛthak-kṛtam) do (seu) gérmen, casca e farelo (kiṁśāruka-tuṣa-kambukebhyaḥ), devido à ausência (abhāvāt) do conjunto inteiro (sāmagrī) de gérmen (kiṁśāruka), etc. (ādi), que é a essência (sva-bhāva) de tal grão (bīja), não (na eva) se torna (bhavati) a causa do (hetuḥ) efeito (kārye) caracterizado (lakṣaṇa) pela geração (janana) de um broto (aṅkura) inclusive (api) estando no meio (madhya-varti) de terra (kṣiti), água (jala) (e) sol (ātapa), da mesma forma (tathā iva), o Ser (ātmā) (ou) Consciência em Liberdade Absoluta (caitanyam), quando se liberta (muktaḥ) (ou) separa (pṛthak-bhūtaḥ) de Āṇavamala (āṇavena malena) —que representa (sthānīyena) o farelo (kambuka)—, Māyīyamala (māyā-malena) —que representa (sthānīyena) a casca (tuṣa)— e (ca) Kārmamala (kārma-malena) —que representa (sthānīyena) o gérmen (kiṁśāruka)—, na ausência (abhāvāt) do conjunto inteiro (sāmagrī) que consiste (rūpa) nos três (traya) mala-s ou impurezas (mala), não (na) produz (vidadhāti) novamente (punar) o broto (aṅkuram) (conhecido como) Bhava (bhava), (isto é, Ele não gera) o broto (praroham) (denominado) Transmigração (saṁsāra). Ele apenas se torna (kevalam... bhavati) o Grande Senhor (mahā-īśvaraḥ eva) que se torna consciente de --lit. que toca-- (parāmṛśan) (que) a variedade (vaicitryam) de manifestação (prādurbhāva) (e) dissolução (vināśa) da multidão (sārtha) de diferentes (nānā) coisas (padārtha) contidas (gata) no universo (viśva) (reside) em Seu próprio Ser --Nele Mesmo-- (sva-ātmani)||57||


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 Estrofe 58

एवं ज्ञानाग्निदग्धकञ्चुकबीजस्य ज्ञानिनो न किञ्चिच्छङ्कास्थानं हेयोपादेयं वा — इत्यत आह


आत्मज्ञो न कुतश्चन बिभेति सर्वं हि तस्य निजरूपम्।
नैव च शोचति यस्मात्परमार्थे नाशिता नास्ति॥५८॥


य आत्मज्ञः स्वात्ममहेश्वरस्वातन्त्र्यवित्सो न कुतश्चन बिभेति न स कस्मादपि राज्ञः शत्रोः प्राणिभ्यो वा भयमादत्ते। कुत एतत् — इत्याह सर्वं हि तस्य निजरूपमिति यतस्तस्य स्वात्ममहेश्वराद्वयवेदिनः सर्वं पदार्थजातमिदं विश्वं निजस्य स्वात्मनो महाप्रकाशैकवपुष एव रूपमाकारः सर्वत्र प्रकाशानुगमात् — इति प्रकाश एव स्वातन्त्र्यात्स्वपरात्मना प्रकाशतेऽत एव भयस्थानं लोके यत्किञ्चित्प्रतिभाति तत्तस्य तथैव स्वाङ्गकल्पमेव कथं भयजनकं स्याद्यदुत स्वात्मनो व्यतिरिक्तः पदार्थो भयहेतुर्भवेत्कः पुनः सर्वतः परिपूर्णस्यावधिभूतो भिन्नो यमादिरस्ति यस्माज्ज्ञान्यपहस्तितदेहात्ममानित्वोऽपि बिभियात् — इति सर्वत्र निजरूपोपलब्धेः संसारस्थितोऽप्येकको विगलितस्वपरविभागतया निःशङ्कं विचरत्येव। यथोक्तं परमेष्ठिपादैः

योऽविकल्पमिदमर्थमण्डलं पश्यतीश निखिलं भवद्वपुः।
स्वात्ममात्रपरिपूरिते जगत्यस्य नित्यसुखिनः कुतो भयम्॥

इति। ग्रन्थकारोऽपि

एककोऽहमिति संसृतौ जनस्त्राससाहसरसेन खिद्यते।
एककोऽहमिति कोऽपरोऽस्ति मे इत्थमस्मि गतभीर्व्यवस्थितः॥

इति। अन्यच्च नैव च शोचति इत्यादि। नाप्यात्मज्ञः शोचति यथा — धनदारादिकं मम नष्टं रिक्तोऽस्मि व्याधिनाक्रान्तोऽहं म्रिये वा — इत्यादि यतो व्याख्यातेन क्रमेण परमार्थे तात्त्विके वस्तुनि चैतन्यरूपेऽन्तर्मुखे प्रमातृमात्रे नाशिता क्षयधर्मित्वं न विद्यते। सर्वं ह्यभिमानसारं कार्यत्वेन प्रतिभासमानमिदन्तावाच्छिन्नमुत्पद्यते क्षीयते च न पुनः संविन्मयस्यात्मनोऽहन्तासारस्याकृत्रिमस्य स्वतन्त्रस्य — कार्योन्मुखप्रयत्नानुपलब्धेः। न चैतावता स्वरूपविप्रलोपः स्यात् — इति विमृशतो योगिनो देहस्थस्यापि तद्धेतुकः शोकाद्याविर्भावः स्वरूपाच्छादकत्वेन न भवेदिति॥५८॥

Evaṁ jñānāgnidagdhakañcukabījasya jñānino na kiñcicchaṅkāsthānaṁ heyopādeyaṁ vā — Ityata āha


Ātmajño na kutaścana bibheti sarvaṁ hi tasya nijarūpam|
Naiva ca śocati yasmātparamārthe nāśitā nāsti||58||


Ya ātmajñaḥ svātmamaheśvarasvātantryavitso na kutaścana bibheti na sa kasmādapi rājñaḥ śatroḥ prāṇibhyo vā bhayamādatte| Kuta etat — Ityāha sarvaṁ hi tasya nijarūpamiti yatastasya svātmamaheśvarādvayavedinaḥ sarvaṁ padārthajātamidaṁ viśvaṁ nijasya svātmano mahāprakāśaikavapuṣa eva rūpamākāraḥ sarvatra prakāśānugamāt — Iti prakāśa eva svātantryātsvaparātmanā prakāśate'ta eva bhayasthānaṁ loke yatkiñcitpratibhāti tattasya tathaiva svāṅgakalpameva kathaṁ bhayajanakaṁ syādyaduta svātmano vyatiriktaḥ padārtho bhayaheturbhavetkaḥ punaḥ sarvataḥ paripūrṇasyāvadhibhūto bhinno yamādirasti yasmājjñānyapahastitadehātmamānitvo'pi bibhiyāt — Iti sarvatra nijarūpopalabdheḥ saṁsārasthito'pyekako vigalitasvaparavibhāgatayā niḥśaṅkaṁ vicaratyeva| Yathoktaṁ parameṣṭhipādaiḥ

Yo'vikalpamidamarthamaṇḍalaṁ paśyatīśa nikhilaṁ bhavadvapuḥ|
Svātmamātraparipūrite jagatyasya nityasukhinaḥ kuto bhayam||

Iti| Granthakāro'pi

Ekako'hamiti saṁsṛtau janastrāsasāhasarasena khidyate|
Ekako'hamiti ko'paro'sti me itthamasmi gatabhīrvyavasthitaḥ||

Iti| Anyacca naiva ca śocati ityādi| Nāpyātmajñaḥ śocati yathā — Dhanadārādikaṁ mama naṣṭaṁ rikto'smi vyādhinākrānto'haṁ mriye vā — Ityādi yato vyākhyātena krameṇa paramārthe tāttvike vastuni caitanyarūpe'ntarmukhe pramātṛmātre nāśitā kṣayadharmitvaṁ na vidyate| Sarvaṁ hyabhimānasāraṁ kāryatvena pratibhāsamānamidantāvācchinnamutpadyate kṣīyate ca na punaḥ saṁvinmayasyātmano'hantāsārasyākṛtrimasya svatantrasya — Kāryonmukhaprayatnānupalabdheḥ| Na caitāvatā svarūpavipralopaḥ syāt — Iti vimṛśato yogino dehasthasyāpi taddhetukaḥ śokādyāvirbhāvaḥ svarūpācchādakatvena na bhavediti||58||

Assim (evam), no caso de quem conhece o Ser (jñāninaḥ) cujas sementes (bījasya) dos envoltórios (máyicos) (kañcuka) foram queimadas (dagdha) pelo Fogo (agni) do Conhecimento (jñāna), não há (na kiñcid) lugar (sthānam) para dúvidas (śaṅkā), nem existe (vā) nada a tomar ou rejeitar (heya-upādeyam). Por essa razão (atas), (Abhinavagupta) disse (āha) assim (iti) (na estrofe 58:)


Aquele que conhece (jñaḥ) o (seu) Ser (ātma) não (na) teme (bibheti) a ninguém (kutaścana) porque (hi) tudo (sarvam) tem a forma (rūpam) do seu (tasya) próprio Ser (nija), nem (na eva ca) sofre (śocati), já que (yasmāt), na Mais Alta Realidade (parama-arthe), não há nenhum (na asti) estado relativo a perecer (nāśitā)||58||


Aquele (saḥ) que (yaḥ) conhece (jñaḥ) (o seu) Ser (ātma), (ou seja,) aquele que sabe (vit) que a Liberdade Absoluta (svātantrya) do Grande Senhor (mahā-īśvara) pertence a ele mesmo --ao seu Ser-- (sva-ātma), não (na) teme (bibheti) a ninguém (kutaścana). (Em outras palavras,) ele (saḥ) não (na) sente (ādatte) medo (bhayam) de ninguém (kasmāt-api), (isto é,) de um rei (rājñaḥ), um inimigo (śatroḥ) ou (vā) (outros) seres vivos (prāṇibhyaḥ).

Por que (kutas) isso (é) (etad) (possível no seu caso)? (Abhinavagupta) disse (āha) assim (iti): "porque (hi) tudo (sarvam) tem a forma (rūpam) do seu (tasya) próprio Ser (nija... iti)", (ou seja,) porque (yatas) todo (sarvam) este (idam) universo (viśvam) trazido à existência pelos (jātam) tattva-s ou categorias (padārtha) (é) o "rūpa" (rūpam) (ou) forma (ākāraḥ) de "nija" (nijasya), (ou seja,) do próprio Ser (sva-ātmanaḥ), que é uma (eka) Realidade (vapuṣaḥ eva) (que apareça como) uma Grande (mahā) Luz (prakāśa)... (e esse "nija" ou "próprio Ser") pertence a ele (tasya), (isto é,) àquele que conhece (vedinaḥ) a não dualidade (advaya) (que existe) entre o Grande Senhor (mahā-īśvara) (e) ele mesmo (sva-ātma). (Isso vem) como consequência (anugamāt) (de que essa) Luz --Śiva -- (prakāśa) (está) em todos os lugares (sarvatra). Dessa forma (iti), apenas (eva) (essa) Luz (prakāśaḥ), devido a (Sua) Liberdade Absoluta (svātantryāt), se manifesta (prakāśate) como o próprio Ser (sva... ātmanā) (e) como o Ser (ātmanā) de outros (para). Por essa mesma razão (atas eva), uma ocasião de perigo (bhaya-sthānam), qualquer que seja (yad kiñcid), que aparece (pratibhāti) nesse --lit. no-- mundo (loke)... (tudo) isso (tad) (é) seu (tasya) (e,) consequentemente (tathā eva), igual ao (kalpam eva) seu próprio (sva) Corpo (aṅga). Como (então) (kathaṁ) ele poderia ser (syāt) algo que gere (janakam) medo (bhaya)? Isto é (yad-uta), um objeto (padārthaḥ) que é diferente (vyatiriktaḥ) de você mesmo --lit. de si mesmo-- (sva-ātmanaḥ) poderia, talvez, ser (bhavet) a causa de (hetuḥ) medo (bhaya). Entretanto (punar), o que (kaḥ) é (asti) Yama --o deus da morte-- (yama), etc. (ādiḥ), (meros) fragmento(s) (bhinnaḥ) limitados e confinados (avadhi-bhūtaḥ), para Aquele que é totalmente Pleno --Śiva-- (sarvataḥ paripūrṇasya)? Portanto (yasmāt), (no caso do) conhecedor do Ser (jñānī), que descartou (apahastita) o pensamento (mānitvaḥ api) de que (o seu) corpo (deha) é o Ser (ātma), a que (kaḥ) deveria temer (bibhiyāt)? Dessa forma (iti), já que (tal conhecedor do Ser) se deu conta (upalabdheḥ) da natureza (rūpa) do seu "nija" ou próprio Ser (nija) --sua natureza-- em todo lugar (sarvatra), mesmo (api) permanecendo (sthitaḥ) neste Saṁsāra ou Transmigração (cheio de miséria) (saṁsāra), (ele está) sozinho (ekakaḥ) (e) se move (vicarati eva) sem medo (niḥśaṅkam) (e) sem experimentar diferença (vigalita... vibhāgatayā) entre ele mesmo (sva) (e) os outros (para).

Como (yathā) disse (ukta) o venerável Guru do Guru do Guru --Utpaladeva-- (parameṣṭhipādaiḥ) (em seu Utpalastotrāvalī XIII.16):

"Oh Senhor (īśa), a partir de qual causa ou motivo (kutas) (pode haver) medo (bhayam) para o constantemente feliz (asya nitya-sukhinaḥ) no universo (jagati) que está completamente cheio (paripūrite) unicamente (mātra) do seu próprio (sva) Ser (ātma), que (yaḥ), desprovido de pensamentos (avikalpam), vê (paśyati) este (idam) conjunto (maṇḍalam) inteiro (nikhilam) de objetos (artha) como Sua (bhavat) Bela Forma (vapus... iti)?".

O autor --Abhinavagupta-- (kāraḥ) do (presente) livro --do Paramārthasāra-- (grantha) também (api) (enunciou o seguinte:)

"(A expressão) 'Eu (aham) (estou) sozinho (ekakaḥ... iti)' (é dita por) uma pessoa (janaḥ) que está afligida (khidyate) pelo sentimento (rasena) de crueldade (sāhasa) (e) terror (trāsa) neste --lit. no-- Saṁsāra --Transmigração repleto de miséria-- (saṁsṛtau). (Mas Abhinavagupta diz) 'Eu (aham) (estou) sozinho (ekakaḥ... iti)' (porque) quem (kaḥ) mais (aparaḥ) existe (asti) além de mim (me)? Dessa forma (ittham), sou (asmi) alguém que permanece (vyavasthitaḥ) livre de temor (gata-bhīḥ... iti)".

Adicionalmente (anyat ca), (Abhinavagupta disse, na segunda porção da estrofe:) "Naiva ca śocati (na eva ca śocati)", etc. (iti-ādi).

Nem (na api) o conhecedor (jñaḥ) do Ser (ātma) sofre (śocati) desta forma (yathā): "Minha (mama) riqueza (dhana), esposa (dāra), etc. (ādikam) desapareceram (naṣṭam)", "Estou (asmi) vazio (riktaḥ)", "Eu (aham) (estou) vencido (ākrāntaḥ) por uma enfermidade (vyādhinā)" ou (vā) "Eu (aham) estou morrendo (mriye)", etc. (iti-ādi). (Por quê?) Porque (yatas), tal como (já) foi explicado (vyākhyātena krameṇa), em Paramārtha (parama-arthe) (ou) a Verdadeira (tāttvike) Realidade (vastuni), que é (rūpe) Consciência em Liberdade Absoluta (caitanya), que é interna (antarmukhe) (e) unicamente (mātre) Sujeito --Aham ou Eu-- (pramātṛ), não há nenhum (na vidyate) estado relativo a perecer (nāśitā), (ou seja, não há nenhum) estado caracterizado por (dharmitvam) destruição (kṣaya).

Porque (hi) tudo (sarvam) o que aparece (pratibhāsamānam) como o "efeito" --o universo-- (kāryatvena), por ser a sua essência (sāram) concepções errôneas --ex.: "Sou o corpo físico"-- (abhimāna), está particularizado (avacchinam) pelo estado de "Isto" (idantā) (e, como resultado,) nasce (utpadyate) e (ca) é destruído (kṣīyate). Entretanto (punar), (isso) não é (assim) (na) no caso do Ser (ātmanaḥ), que consiste em (mayasya) Consciência Pura (saṁvid), que é Livre (svatantrasya), que é Natural --não artificial-- (akṛtrimasya) (e) cuja essência (sārasya) é o Estado de "Eu" (ahantā), já que não há nenhuma percepção (anupalabdheḥ) de um esforço (prayatna) direcionado (unmukha) ao efeito --o universo-- (kārya) (no que concerne ao Ser) --isto é, não se percebe que o Ser está fazendo esforços em relação ao universo porque Ele é completamente Imutável--. (Em consequência,) não existe (na ca... syāt) a aniquilação (vipralopaḥ) da própria natureza essencial (sva-rūpa) devido a tais (coisas) --devido ao desaparecimento da própria riqueza, esposa, corpo, etc.-- (etāvatā). No caso do Yogī (yoginaḥ) que se torna consciente (vimṛśataḥ) dessa forma (iti), inclusive (api) enquanto reside (sthasya) em um corpo (deha), a manifestação (āvirbhāvaḥ) de angústia (śoka), etc. (ādi) causada (hetukaḥ) por isso --por viver em um corpo físico-- (tad) não (na) cobre ou esconde (ācchādakatvena... bhavet) a própria natureza essencial (sva-rūpa... iti)||58||


Ainda sem notas explicativas

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 Informação adicional

Gabriel Pradīpaka

Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.

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