Sanskrit & Trika Shaivism (English-Home)

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 Śivasūtra-s (português - pura)

A escritura primordial do Trika que foi revelada pelo Próprio Śiva - Tradução pura


 Introdução aos Śivasūtra-s

Olá, Gabriel Pradīpaka novamente. Este é o primeiro documento de, espero, uma série bem longa de documentos dedicada às escrituras sagradas em Sânscrito. Em Pronúncia 3, 4 e 5, ensinei a você como pronunciar os 77 aforismos dos Śivasūtra-s (uma escritura primordial do Trika ou Shaivismo não dual da Caxemira). No entanto, para "aliviar" bastante os downloads de arquivos MP3, dividi a escritura original em suas três seções. Aqui, estou dando a você todos os Śivasūtra-s de uma forma ininterrupta. Sem nenhum som, é claro, somente a tradução. Se você quiser ouvir os aforismos, vá a Pronúncia 3 - Pronúncia 4 e Pronúncia 5. Então, leia os Śivasūtra-s e seja feliz.

Este é um documento de "tradução pura", ou seja, você não encontrará nenhum Sânscrito original, mas haverá, às vezes, uma quantidade mínima de Sânscrito transliterado nas próprias traduções do texto. É claro, não haverá nenhuma tradução palavra por palavra. De qualquer forma, haverá Sânscrito transliterado nas notas explicativas. Se você for uma pessoa cega utilizando um leitor de tela e não quiser ler as notas, ou simplesmente quiser pular as notas, clique no respectivo link "Pular as notas" para continuar lendo o texto.

Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


Ao início


 Primeira Seção: Śāmbhavopāya

(o meio que usa o ponto de vista de Śiva)

A Consciência que é onisciente e onipotente (é) o Ser, ou a verdadeira natureza da Realidade||1||


O conhecimento (limitado ou contraído) (é) escravidão||2||


A fonte (e sua) progênie, (junto com) aquilo cuja forma é a atividade, (são também escravidão)||3||


A base do conhecimento (limitado e contraído) (é) a Mãe não compreendida||4||


Bhairava --o Ser Supremo-- (é) um repentino brilho ou elevação de Consciência divina||5||


Por meio da união com o grupo coletivo de poderes, (produz-se) o desaparecimento do universo||6||


(Mesmo) durante os diferentes (estados de consciência) de vigília, sono e sono profundo, existe o deleite e desfrute do Quarto Estado||7||


O conhecimento (é) o estado de vigília||8||


O estado de sono (são) pensamentos e ideações||9||


A falta de discernimento ou consciência (é) o sono profundo de Māyā --o engano--||10||


Aquele que é um desfrutador (do supracitado "ābhoga"1 ou divino deleite) na tríade (de vigília, sono e sono profundo) (é) um mestre de (seus) sentidos 2||11||
Desconsiderar notas

1 Mesmo que a palavra "vīra" signifique literalmente "herói", deve ser entendida aqui como "sentido". Explicarei isso a você mais adiante, na página dos "Śivasūtra-s".
2 Ver Aforismo 7.


 As etapas do Yoga (são) uma fascinante maravilha||12||


O Poder de Vontade (do Yogī iluminado é) o "Esplendor de Śiva", (o qual é) Kumārī||13||


Todos os fenômenos (externos ou internos) (são) o corpo (do Yogī iluminado)||14||


Mediante a união da mente com o núcleo da Consciência, (todos) os fenômenos (externos ou internos) (e inclusive) o vazio aparecem (tal como são essencialmente)||15||


Ou por meio da união com o Princípio Puro, (o Yogī se torna alguém em que) está ausente o (escravizante) poder (que existe em) um ser limitado e condicionado||16||


A firme e constante consciência (de "Eu sou Śiva") é o conhecimento do Ser||17||


A Bem-Aventurança (que o Yogī sente ao permanecer como o Conhecedor ou Percebedor) do mundo (—o qual consiste de sujeitos e objetos—) (é seu) deleite de Samādhi||18||


Ao estar unido com o Poder (de Vontade), (há) produção ou criação de corpos (segundo os desejos do Yogī)||19||


(Os outros poderes sobrenaturais do Yogī iluminado são: o poder de) unir entidades existentes; (o poder de) separá-las todas --isto é, as entidades existentes-- (e o poder de) juntar --saṅghaṭṭa-- tudo (que foi separado por espaço e tempo)||20||


(O Yogī conquista) a plena aquisição de domínio sobre o grupo coletivo de poderes por meio do surgimento de Śuddhavidyā||21||


Unindo-se com o Grande Lago, (o Yogī tem) a experiência da fonte geradora --virilidade ou potência-- de (todos) os mantra-s||22||

Ao início


 Segunda Seção: Śāktopāya

(o meio que usa o ponto de vista de Śakti)

A mente (de alguém que constantemente reflete sobre a Mais Alta Realidade) (é) o Mantra||1||


(O entusiasmado e espontâneo) esforço (é) efetivo para o alcance do êxito||2||


A (luminosa) Existência ou Ser (da Perfeita Consciência do Eu), (a qual consiste em grande número de palavras) cuja essência (é) o conhecimento (do mais alto não dualismo), (é) o segredo do Mantra||3||


A satisfação mental em (limitados) poderes máyicos (é) um (mero) sonho (baseado em) o conhecimento inferior||4||


Durante o espontâneo surgimento do (Mais Alto) Conhecimento, (ocorre) um movimento no ilimitado espaço da Consciência, (que se denomina) o estado de Śiva||5||


O Guru (é) o meio||6||


(De um Guru contente, provém) a Iluminação segundo o grupo de letras||7||


O corpo (de uma pessoa sobre a qual se derramou a supracitada iluminação) (se torna) uma oblação||8||


O conhecimento (limitado) (é) o alimento||9||


Durante a submersão do Conhecimento (Puro), ocorre a aparição de modificações mentais (como em um sonho), as quais surgem por causa disso, (isto é, "as quais surgem por causa da submersão do Conhecimento Puro previamente citada")||10||

Ao início


 Terceira Seção: Āṇavopāya

(o meio que usa o ponto de vista de Aṇu --um ser limitado--)

O Ser individual (é) a mente||1||


O conhecimento (nascido da mente) (é) escravidão||2||


A não discriminação de princípios (tais como) Kalā, etc., (é) Māyā||3||


A dissolução das partes --dos tattva-s ou princípios da manifestação-- no corpo --físico, sutil e causal-- (deve ser realizada mediante Bhāvanā ou contemplação criativa)||4||


(O Yogī deve produzir) a dissolução (da energia vital) nos canais sutis, a conquista dos elementos brutos, o afastamento (de sua mente) dos elementos brutos (e) a separação --pṛthaktva-- dos elementos brutos (também por meio de Bhāvanā ou contemplação criativa)||5||


O poder sobrenatural (ocorre) por causa de um véu (lançado por) Māyā ou Ignorância||6||


(O Yogī adquire) domínio do Conhecimento Natural por meio de uma conquista generalizada de Māyā ou Ignorância||7||


(O Yogī que alcançou Sahajavidyā ou o Conhecimento Natural está) desperto e vigilante, (enquanto) o segundo, (isto é, "o mundo"), (aparece) como (sua) refulgência de luz||8||


(Esse mesmo Yogī é) um Ser (que é meramente) um ator dançante||9||


O palco (para que esse Nartaka ou ator dançante atue --ver aforismo 9--) (é sua) alma interior, (a qual consiste dos corpos causal e sutil)||10||


Os sentidos (desse Nartaka ou ator dançante) (são) os espectadores (de sua representação)||11||


Por meio da inteligência espiritual superior, (o Yogī chega a) se dar conta da cintilante e sutil vibração interna da perfeita consciência do Eu||12||


O estado no qual se é Independente e Livre é alcançado||13||


Tal como (é) ali, assim (é) em outro lugar, (isto é, "assim como esse Yogī independente pode exibir Liberdade em seu próprio corpo, também é capaz de fazer isso em qualquer lugar"; esse é o sentido)||14||


(Esse Yogī deve conceder toda sua) atenção à Semente, (em outras palavras, "à Mais Alta Śakti ou a perfeita consciência do Eu que é a fonte de toda a manifestação)||15||


Estabelecido no poder da Suprema Śakti (ou a perfeita consciência do Eu, que é como um "assento" para ele), (o Yogī iluminado) facilmente mergulha no Lago (da divina e imortal Consciência)||16||


(Esse mesmo Yogī libertado pode) produzir (qualquer tipo de forma de acordo com) a medida ou aspecto da Consciência criativa, (que é seu "āsana" ou "assento" --ver aforismo 16--)||17||


Enquanto Sahajavidyā ou Śuddhavidyā (o Conhecimento Natural ou Puro) não desaparecer, (a possibilidade de outro) nascimento desaparece (para esse sublime Yogī)||18||


Māheśvarī e outras deusas (que têm sua esfera de influência) no grupo "ka", etc., (e que são) as mães dos seres limitados, (tornam-se as deidades regentes de tal Yogī)||19||


O quarto estado de consciência, (o qual é uma Testemunha), deve ser vertido como (um fluxo contínuo de) azeite nos (outros) três, (isto é, na vigília, sono e sono profundo)||20||


Deve-se entrar (nesse quarto estado de consciência --ver aforismo 20--) submergindo-se (nele) com sua própria mente, (a qual deve estar, obviamente, desprovida de todo pensamento)||21||


Quando (ocorre) uma lenta, mas firme, propagação da energia vital (do Yogī), (manifesta-se) a visão equânime, (isto é, o Yogī se dá conta da unidade subjacente em tudo)||22||


Na etapa intermediária, (ou seja, nem na etapa inicial, nem na final de vigília, sono e sono profundo), há geração de (estados mentais) inferiores||23||


Quando há união entre a verdadeira consciência do Eu e os objetos, (há também) reaparição (da Bem-Aventurança desse quarto estado de consciência que havia) desaparecido (devido ao surgimento dos supracitados estados mentais inferiores --ver aforismo 23--)||24||


(Esse soberbo Yogī que alcançou o quarto estado) torna-se igual a Śiva||25||


A permanência no corpo (é seu) voto, (isto é, mantém uma forma física devido à sua enorme compaixão pela humanidade; é, na verdade, um ato piedoso de sua parte)||26||


(Sua) conversa (é) o murmúrio (de um Mantra ou de uma oração)||27||


O Conhecimento do Ser (é seu) presente (para todos nós)||28||


Aquele que está estabelecido (no grupo de poderes ou Śakticakra) (é) verdadeiramente um meio de sabedoria||29||


O universo (é) a expansão ou desdobramento de seu próprio Poder||30||


Tanto a manutenção (do universo) (quanto sua) reabsorção (são também o desdobramento de seu Poder)||31||


Mesmo que possam ocorrer esses (três processos anteriores, a saber, manifestação, manutenção e reabsorção do universo), não há nenhuma interrupção (no estado interno do grande Yogī), devido à (sua) condição de (Supremo) Conhecedor||32||


(Esse sublime Yogī) considera prazer e dor como algo externo||33||


(O nobre Yogī) está totalmente livre disso --prazer e dor--, então (está) sozinho; (em suma, alcançou seu próprio Ser, que é tanto um "único" Conhecedor quanto uma "única" Massa de Consciência pura)||34||


No entanto, aquele que é uma massa compacta de engano (está meramente) envolvido em ações||35||


Quando a diferença desaparece, a capacidade para realizar outra Criação (aparece no Yogī iluminado)||36||


(Qualquer um pode dar-se conta de seu) poder criativo a partir de sua própria experiência||37||


(Deve haver) vivificação dos três estados --manifestação, manutenção e reabsorção-- por meio do principal, (em outras palavras, "por meio do quarto estado de consciência, que é uma Testemunha dos outros três e está cheio de Bem-Aventurança trascendental")||38||


Assim como (no caso) dos estados mentais, (e também com relação) ao corpo, órgãos dos sentidos e objetos externos --bāhya--, (deve haver uma "vivificação" infundindo-os na Bem-Aventurança do quarto estado de consciência)||39||


Devido ao desejo baseado em um sentimento de carência, há exteriorização no ser limitado, (que fica, dessa forma, sujeito à roda do Saṁsāra ou Transmigração de uma forma de existência a outra)||40||


(Entretanto,) no caso do (grande Yogī) cuja consciência (está) estabelecida Nisso --no quarto estado ou Turya--, com a eliminação desse (desejo) --ver aforismo 40--, (produz-se também) a total eliminação (da condição de) ser limitado||41||


Então, (quando o desejo finalmente desaparece), (esse Yogī utiliza o corpo que está composto de) elementos brutos como um envoltório; (e, ao estar) completamente libertado, (já que é) preeminentemente igual ao Senhor (Śiva), (é) perfeito e pleno||42||


O vínculo ou associação da energia vital (com o corpo é) natural||43||


(Há energia vital --prāṇaśakti ou prāṇa--) no canal sutil esquerdo --Iḍā--, no canal sutil direito --Piṅgalā-- (e) em Suṣumnā --o do meio-- .

Mediante a intensa e constante consciência do centro --isto é, da perfeita consciência do Eu-- do aspecto interno (da mencionada) prāṇaśakti, (o Yogī permanece na constante percepção da suprema e perfeita consciência do Eu para sempre).

O que mais (poderia ser dito) a este respeito?||44||


(No que se refere ao Yogī iluminado), existe, de novo e de novo, a consciência do Ser Supremo, tanto interna como externamente||45||

Ao início


 Notas finais

Esse foi um bom e edificante documento, realmente. A prática de estudar escrituras sagradas tais como os Śivasūtra-s é denominada Svādhyāya. É uma prática muito importante, pois todos os seus sentidos e mente ficam envolvidos nela. Você lê os aforismos com atenção, enquanto permanece sentado em uma postura yôguica. Isso acalmará e pacificará a sua mente. Svādhyāya é um Yoga em si mesmo. Espero que você seja feliz com este documento.

Ao início


 Informação adicional

Gabriel Pradīpaka

Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.

Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.