Sanskrit & Trika Shaivism (English-Home)

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 Origem das línguas indo-europeias: Parte IX

Cultura cita


 Introdução

Olá, Andrés Muni novamente. O seguinte documento possui alguns nomes. Tentei ser o mais exato possível com esses nomes. Porém, se você encontrar algum erro, por favor envie-me um e-mail para que eu possa corrigir o que estiver errado.

Nesse documento, estudaremos a antiga cultura cita. Aproveite!


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


Ao início


 Uma abordagem inicial

As remotas origens do povo cita remontam a 1000 a.C. Um evento chave na sua cultura foi a domesticação do cavalo, e o ambiente no qual esse povo se desenvolveu abrangia o vasto território das estepes eurasiáticas. O surgimento dos cavaleiros alteraria o curso da história humana. Não se sabe como se chamavam os cavaleiros das estepes, que logo se agruparam na forma de hordas de saqueadores hostis. Como essas tribos não conheciam a escrita, os nomes dados a eles eram generalizações feitas por povos estrangeiros (gregos e chineses), que, em diferentes tempos e lugares, depararam-se com os citas e escreveram sobre eles.

O seu território incluía quase 6.000 km de estepe, da Hungria até a Manchúria. Eram conhecidos por vários nomes diferentes de acordo com a região, por exemplo, citas, sármatas, yueh-chi e hsiung-nu. Eram homens barbados, com rostos curtidos pelo clima e longas cabeleiras desarrumadas. Eles bebiam dos crânios dos inimigos mortos em batalha e ostentavam os couros cabeludos das suas vítimas como troféus de guerra. Em uma época na qual as nações ainda não haviam formado regimentos de cavalaria, e só possuíam infantaria e bigas de guerra, o povo cita, devido ao seu uso de cavalos e também à sua inerente habilidade como arqueiros, realizaram devastadoras manobras onde exibiam grande mobilidade. As suas roupas, armamento e táticas exibiam um nível de experiência que resultava de várias gerações de pessoas vivendo praticamente a cavalo.

Usavam calças compridas, botas flexíveis sem salto, armaduras de couro ou escamas e roupas de mangas estreitas que lhes permitiam mover-se livremente. Cada homem levava arco e flechas armazenadas em uma aljava (Gorytus), bem como uma espada de lâmina reta feita de bronze ou ferro, além de lanças e escudos de couro reforçados com placas metálicas. Ao locomover-se, mostravam harmonia em seus movimentos a cavalo, e não desciam deles nem para comer ou beber. Os cavalos eram pequenos, vigorosos e descendiam das manadas selvagens da estepe.

Os citas cavalgavam com arreios rudimentares e sem estribos. Alguns autores supõem que o povo cita era proveniente da bacia do Volga. Chegaram à estepe do sul da Rússia (1000 a.C.) e expulsaram de lá os cimérios. No final do século VI a.C., os citas dominavam o território ocupado atualmente pela Ucrânia (a planície que se estende até o oeste, desde os mares Negro e de Azov até a foz do rio Danúbio. Subjugaram os camponeses que viviam às margens da estepe e vales fluviais, e dominaram as colônias comerciais assentadas nas margens setentrionais do Mar Negro (Ponto Euxino), tais como Olbia, Tiras e Teodósia. Os habitantes dessas cidades conheciam como "Cítia" esse enorme território governado por esses povos nômades, e como "citas" os cavaleiros.

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 Em profundidade

Os citas não deixaram nenhum documento escrito. São reconhecidos historicamente devido às descrições feitas por Heródoto e outros escritores. A partir de fontes antigas, são conhecidos os nomes de várias tribos que parecem ser de origem iraniana. Esses povos consistiam em diferentes grupos, mas tinham o mesmo estilo de vida; além disso, as suas tradições funerárias eram similares. Em outras palavras, o termo "cita" não designa um único povo, mas sim várias tribos que possuem uma cultura comum. Os principais testemunhos históricos no que tange à existência dos citas surgem da grande pompa e esplendor exibidos quando enterravam os seus reis e outros personagens importantes. Existem milhares de pequenos e grandes túmulos, desde a Ucrânia até a cordinheira de Altai na Sibéria, que marcam as tumbas dos seus defuntos mais respeitados.

Essas tumbas revelam um aspecto cita que foi exaltado por Heródoto e outros autores: a força e vitalidade das suas obras artísticas. Os citas, da mesma forma que outros povos das estepes, tinham grande interesse nos animais, quase todos selvagens ou fantásticos. Nessas obras de arte, há águias, cervos, leopardos e grifos (às vezes envolvidos em um combate mortal) gravados em placas de ouro que os cavaleiros utilizavam para decorar as suas roupas, rédeas, fivelas e adornos similares. Eles tinham um grande gosto pela arte grega, decorrente do seu contato com ourives que viviam nas colônias comerciais gregas situadas às margens do Mar Negro. Tem havido novas descobertas nas suas tumbas por mais de dois séculos (braceletes, diademas, cabos e bainhas de espadas, vasilhas, etc.). De qualquer forma, foi só na segunda metade do século XX que foram encontradas evidências que ajudaram a representar claramente a importância e a posição ocupada pelos citas na sociedade nômade das estepes.

Em 1971, um grupo de arqueólogos soviéticos descobriu um túmulo funerário que tinha 2.400 anos de idade. Quando os escavadores chegaram ao fundo desse túmulo, descobriram que era uma tumba que ainda não havia sido saqueada... algo excepcional, já que a última tumba intacta havia sido descoberta em 1912. Os elementos que foram encontrados ali, que foram essenciais para a reconstrução da história desses cavaleiros, poderiam ter sido danificados ou perdidos se não tivesse sido por uma ordem dada pelo czar Pedro, o Grande (século XVIII), que construiu um Museu Imperial, onde, entre outras coisas, era exibida uma porção dos tesouros pertencentes às tumbas siberianas. Os citas nunca tentaram esconder as suas sepulturas. Pelo contrário, confiando no fato de que ninguém ousaria perturbar a última morada dos seus mortos, eles destacavam as tumbas empilhando rochas e terra para formar um pequeno monte sobre elas ("kurgans", em russo). Na Ucrânia, existem quase 100.000 túmulos desse tipo, e, a região de Minusinsk (Sibéria) é uma gigantesca necrópole.

O saque desses túmulos atraiu a atenção de Pedro, o Grande, e esse foi o prólogo da redescoberta dos citas e de outros povos nômades. Em 1715, o czar recebeu uma enorme coleção de objetos artísticos de ouro em comemoração ao nascimento do seu primogênito. O tesouro, que havia sido pego dos túmulos funerários da Sibéria, deslumbrou o czar e a sua corte devido à maestria e dinamismo com os quais os animais eram mostrados nessas obras. Quando o czar soube que outras obras similares estavam sendo roubadas dos sepulcros para serem fundidas, ordenou o fim dessa destruição e exigiu que, a partir daquele momento, as obras fossem todas entregues à Coroa. As peças recuperadas constituíram o núcleo do tesouro siberiano de Pedro, o Grande, que pode ser encontrado atualmente no Museu do Hermitage em São Petersburgo.

Grifos citas

Em 2001, arqueólogos russos estavam escavando na República de Tuva, uma região pouco conhecida da Sibéria que pertence à Federação Russa, localizada 3.400 km ao leste de Moscou. Em um kurgan chamado Arzhan-2, descobriram uma cripta de madeira ainda intacta, contendo dois esqueletos e 20 kg de ouro, muito mais do que qualquer outro arqueólogo havia encontrado em uma tumba siberiana. Em outra área do kurgan, depararam-se com uma sepultura com incríveis restos de roupas, a tumba de um cavalo e muitos outros locais de enterro (alguns deles citas e outros ligados a outras culturas). Havia por volta de 5.700 de peças de ouro no total, que mostravam, em sua maioria, imagens de animais, principalmente felinos (leões e tigres) e javalis, bem como algumas contas feitas de âmbar. Pode ser que esse tesouro tenha chegado a essa região como artigos comerciais ou como parte de algum despojo.

Foi encontrada uma grande quantidade de ouro nas tumbas citas da Ucrânia, mas são peças criadas em tempos posteriores, pelos próprios ourives gregos ou sob a sua influência. As 5.700 peças mencionadas no parágrafo anterior são mais antigas que as mencionadas no início desse parágrafo. As primeiras mostram claramente o estilo específico dos citas, o que prova que os citas eram habilidosos ourives muito tempo antes do seu encontro com os gregos. Esse achado lança nova luz sobre o estilo de vida cita, pois, como os gregos foram os criadores dos célebres enfeites de ouro citas descobertos perto do Mar Negro, ninguém suspeitava que esse povo nômade tivesse grandes méritos artísticos. Entretanto, quanto aos ornamentos encontrados em Arzhan-2, ainda não se provou que povos mais avançados tenham habitado a região de Tuva no século VII a.C. As tumbas escavadas não revelam nenhum contato entre os citas e os gregos naquela época.

Os estudiosos acreditam, atualmente, que existiram assentamentos onde ourives sedentários teriam manufaturado os objetos de ouro. Isso desmente o estereótipo que representa os citas simplesmente como cavaleiros guerreiros e selvagens que migravam e assolavam outros povos, pois já foi demonstrado que eles alcançaram um elevado desenvolvimento cultural. A visão que eles tinham deles mesmos e do seu mundo fica evidente pela maneira como usavam o ouro e pelo significado que atribuíam a esse metal. Com o precioso ouro, criavam belos objetos com os quais adornavam as suas tendas, os seus cavalos e até mesmo os seus corpos. Além do valor econômico, o ouro tinha um significado especial. Eles relacionavam o ouro com a sua própria presença na terra, pois acreditavam que a linhagem do seu soberano supremo teria surgido de um fato milagroso, ocorrido em tempos remotos, no qual quatro peças de ouro teriam caído do céu. Por essa razão, eles homenageavam o ouro. Utilizavam esse metal para confeccionar objetos significativos geralmente associados a magia. Toda a sua arte, assim como a desenvolvida por outros povos nômades das estepes, simboliza um mundo sobrenatural cheio de animais selvagens. Para esses nômades, cuja vida estava tão estreitamente ligada às vicissitudes da natureza, os animais eram manifestações de forças superiores e representavam a vontade de poderes sobre-humanos.

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 Notas finais

Foi um bom documento. Decidi incluir uma grande imagem de alguns grifos para mostrar a você como os citas eram habilidosos como ourives. Dessa forma, a noção geral de pessoas primitivas que habitavam as estepes e dedicavam as suas vidas a comer, dormir, devastar cidades e coisas similares, não é uma descrição correta desses nômades. Para serem capazes de criar essas peças de ouro, é necessário que tenham alcançado um alto nível de desenvolvimento artístico, o que evidencia a existência de uma cultura sólida. Até mais.

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 Informação adicional

Andrés Muni

Este documento foi concebido por Andrés Muni, um dos dois fundadores deste site, e versado em linguística.

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